Coordenada pelo deputado Tarcísio Zimmermann, também autor
do projeto de lei, a sessão reuniu ainda Ademir Wierderkher, da Contraf-Cut e
Sindbancários, o presidente do Sindicato dos Vigilantes, Loreni Dias, o coronel
da BM Carlos Tomé Marques e o diretor do DEIC, delegado Eduardo Oliveira Cesar.
Também teve a participação da deputada Stela Farias e de deputado Nelsinho
Metalúrgico. O presidente do SindBancários saudou o debate sobre a necessidade
de uma lei estadual, que unifique os regramentos municipais e apontou a
ausência de qualquer legislação em muitos municípios. Porém, lembrou: "Não
basta termos a lei – precisamos fazer com que os bancos a cumpram”.
Vidros blindados
Ele citou a normal legal que manda que os vidros de bancos
sejam blindados. "Hoje, praticamente nenhuma agência conta com vidro blindado –
temos que fazer uma verdadeira guerra com os banqueiros para que eles obedeçam
às leis”, reforçou Gimenis. O presidente do Sindicato criticou a eterna
ausência de representantes dos bancos em debates como o realizado na Assembleia
Legislativa: "Eles mostram descaso com a vida dos bancários e clientes, só se
importam com sua lucratividade”, concluiu.
Na mesma linha, Ademir Wierderkher elogiou o debate da lei
estadual sobre o assunto, que na sua avaliação deve incluir dois momentos: "Um
é a segurança privada, dentro da agência; e o outro é a segurança pública, fora
dos bancos”. Ademir contou que a lei federal existente é de 1982 e está muito
defasada. "Hoje temos que ter câmeras de monitoramento também fora das
agências, e com imagens que fiquem armazenadas por ao menos 90 dias”.
Biombos
O diretor da Contraf-CUT elencou ainda a necessidade de
biombos para que os clientes não sejam avistados sacando dinheiro, facilitando
o combate à "saidinha” (quando o cliente é roubado após deixar a agência).
"Também precisamos divisórias entre os caixas de autoatendimento e vidros
blindados nas fachadas”, enumera.
Os participantes foram unânimes em condenar a guarda de
chaves das agências pelos bancários, que ficam sujeitos a sequestros junto com
seus familiares. "Em 2014 os bancos tiveram mais de R$ 60 bilhões em lucros, e
mesmo assim eles não querem gastar quase nada na segurança da população e dos
funcionários”, apontou.
Aumento de ataques
Everton Gimenis apontou levantamento realizado pelo
SindBancários, revelando que em 2015 o número de ataques a bancos subiu 43,7%
em relação a media dos ataques dos últimos nove anos. "Muitas vezes, depois de
assaltos à agências, os gerentes e diretores determinam que o trabalho continue
nos locais, como se nada tivesse acontecido, apesar da violência e dos
bancários traumatizados”, acrescentou o sindicalista.
O presidente do Sindicato dos Vigilantes disse que quem faz
a guarda das agências sofre o mesmo tipo de violência, além de condições de
trabalho inaceitáveis, que precisam ser regulamentadas e cumpridas. "Hoje os
vigias têm que almoçar antes das 10h ou depois das 16h – e não podem ir aos
banheiro”, denunciou Loreni Dias. "Isso causa um alto grau de adoecimento”,
acrescentou.
Desmanche da segurança pública
Os participantes denunciaram o desmanche da Segurança
Pública do estado no governo Sartori, com a redução de efetivos policiais, o
atraso salarial, más condições de trabalho e não chamamento dos concursados da
BM e Polícia Civil. O delegado diretor do Deic, disse que o problema na
insegurança bancária é nacional. E afirmou que a Polícia está sempre atuante e
realizando prisões. "Só neste ano já aprendemos 11 fuzis no estado e 35 quilos
de dinamite, usado para explodir caixas eletrônicos e agências. Aliás, o Brasil
é um dos poucos países que ainda fabrica este tipo de explosivo”, garantiu
Eduardo Oliveira Cesar.
O coronel Carlos Tomé Marques, representando a Brigada
Militar na audiência pública, questionou os bancos: "O que vale mais? O vil
metal ou a vida?”. Ele também estranhou que em pleno século XXI, com toda a
evolução tecnológica, ainda não sejam utilizados meios como a inutilização de
notas roubadas em caixas explodidos, nem seja normalizada a abertura remota
programada da porta das agências bancárias, sem que nenhum bancário precise
ficar em sua casa com as chaves dos locais, correndo riscos.
"É preciso acabar com a colocação de caixas eletrônicos em
prédios como prefeituras”, argumentou Stela Farias. "Se os bancos dizem que têm
problemas, imaginem as prefeituras. Isso precisa entrar na lei”, defendeu a
deputada. Para ela, além dos bancos, o debate também deveria incluir
representantes da imprensa. Stela sugeriu a criação de uma rede de atuação,
reunindo vários setores e encontros periódicos, cobrando ações efetivas dos
bancos.
Trabalho dos vigilantes
O autor do projeto de lei 410/2015, Tarcísio Zimmermann, recordou
que já existe um grupo de trabalho – junto à Secretaria Estadual de Segurança
Pública – que precisa ser reativado. O presidente do SindBancários propôs que
este grupo permanente inclua também um membro do Poder Legislativo.
Ao final do encontro, Zimermann anunciou que vai sugerir a
realização de uma audiência pública na Comissão de Segurança e Serviços
Públicos da AL sobre as condições de trabalho dos vigilantes. Além dos membros
da mesa, também participaram e fizeram o uso da palavra vários trabalhadores de
diferentes categorias, como da justiça, vigilantes e bancários. *Imprensa/SindBancários
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