Na tarde desta segunda-feira, representantes de nove centrais se reuniram na sede da CTB, na região central de São Paulo, para avaliar a marcha à Brasília na semana passada
e definir as próximas ações contra as reformas. Para o presidente da
UGT, Ricardo Patah, foi "o movimento mais forte e solidário da última
década", mesmo com ações de possíveis infiltrados durante o ato na
capital federal. "Não podemos perder esse foco", afirmou, ainda antes do
final da reunião, referindo-se à tramitação das reformas da
Previdência, na Câmara, e trabalhista, no Senado.
"Para nós, tudo começa e termina nas reformas, que têm rejeição de
90% da população", reforçou o diretor executivo da CUT Julio Turra. Além
da manutenção do "Fora Temer", a preocupação é impedir a tramitação das
propostas no Congresso, mesmo com uma possível saída do presidente, que
poderia ser substituído em uma eleição indireta. "Aos olhos do mercado,
Temer perdeu credibilidade", avalia Turra. Por isso, as centrais, ainda
que não de forma unânime, defendem eleições diretas.
A data exata da greve deve acompanhar o calendário das reformas no
Congresso. "O consenso é que será maior que a de 28 de abril", disse o
dirigente cutista.
Para o presidente da CSB, Antonio Neto, o ato de Brasília mostrou que
as centrais estão articuladas e unidas. "Foi uma das maiores
manifestações que Brasília já viu", afirmou. Segundo ele, este é o
momento de mostrar quem tem "compromisso com a história do Brasil".
O secretário-geral da CTB, Wagner Gomes, disse que os sindicalistas
repudiam "a atitude da polícia e de pessoas infiltradas naquele
movimento (de Brasília), que originou aquela praça de guerra". Segundo
ele, as centrais estudam acionar a Polícia Militar do Distrito Federal
por causa do tumulto.Â
Além da nova greve, os sindicalistas mantêm as manifestações nas
bases eleitorais de deputados e senadores. Algumas centrais deverão
fazer ato diante do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na próxima terça
(6), data prevista para o julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel
Temer.
O projeto da reforma trabalhista (PLC 38) é o primeiro item da pauta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira (30), a partir das 10h. Na semana passada, a sessão terminou com briga entre parlamentares. O presidente
do colegiado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), deu como lido o relatório de
Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e concedeu vista coletiva, o que permite a
votação do projeto. A oposição contesta. Duas senadoras, Gleisi Hoffman (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), apresentaram questões de ordem contra a tramitação. *RBA |