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Pedrinho Guareschi: “a democracia no país é a participação na comunicação”
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Comunicação | 01/12/2016 | 15:12:47
Pedrinho Guareschi: “a democracia no país é a participação na comunicação”
Poder de criar consciência na população está em jogo
 
 

Um dos expoentes da ação e militância por uma comunicação que tenha por princípio a garantia da liberdade e o compromisso com o diálogo, o filósofo, sociólogo, doutor em psicologia e professor da UFRGS, Pedrinho Guareschi, trouxe uma reflexão a partir da distinção entre meios eletrônicos e impressos, no primeiro dia do Seminário Estadual – Comunicação, democracia e resistência, na sede da Fetrafi-RS. Pedrinho falou na Mesa Temática de abertura "o Brasil e a Comunicação que queremos”, junto com o sociólogo Emir Sader, na manhã da quinta-feira, 1º/12. O professor propõe que pensemos o sistema de comunicação brasileiro a partir do respeito aos saberes e ao direito de todos dizerem sua palavra.

Não foi apenas o educador Paulo Freire e sua noção de extensão em comunicação para formar democracia a partir do direito a todos de se informar e informar que conduziu ou fundamentou aquilo que Guareschi defende como princípios fundamentais de uma democracia. Ele falou e muito do sistema jurídico que estrutura o oligopólio da comunicação no Brasil que nos aprisiona num "círculo de ferro”. Guareschi lembrou de uma máxima do sociólogo ativista político no combate à fome, Hebert José de Souza, o Betinho, morto em 1997, para demonstrar que a comunicação é uma variável fundamental à democracia. "O Betinho dizia que só acreditaria em democracia no Brasil quando o presidente da Rede Globo fosse eleito pelo voto direto.”

Pois este breve exemplo serviu para introduzir a questão estrutural que envolve a comunicação. A mídia, segundo Guareschi, sobretudo a eletrônica, TV, rádio e agora internet, é a "variável fundamental da sociedade moderna”. Não era assim há 40 ou 50 anos. Mas assim ficou depois que as concessões públicas de rádio e televisão foram sequestradas pelos poderes político e econômico. "Quem somos nós? Somos o resultado de milhões de relações que estabelecemos. Esse novo personagem (a televisão) fala conosco uma média de cinco horas por dia. Nas vilas, as crianças chegam a ficar nove horas na frente da TV por dia”, detalha.

Está em jogo também todo o poder de criar consciência na população. É preciso, a partir daí, pensarmos no fato de que 80% dos gaúchos são informados por apenas aquilo que uma família do Grupo RBS considera importante que seja agendado. O antecedente disso é um conjunto anacrônico de leis cujo marco é uma legislação criada em 1962. Guareschi lembra que o artigo 5º da Constituição Federal ainda carece de regulamentação, mas prevê um caráter público à comunicação eletrônica.

"É a mídia eletrônica que faz a cabeça das pessoas. O furo da bala está na mídia eletrônica. Fundamentalmente, essa mídia tem que ser educativa. Educação não é ficar dando resposta. Educação é fazer a pergunta. O jornalista vai informar o que quer, mas não pode comunicar o que quer. O jornalista é um prestador de serviço da sociedade num meio que não é dele”, salienta.

Questão do caráter público do meio eletrônico

Antes de seguirmos com o ponto de vista de Pedrinho Guareschi vale a pena compreender a distinção que ele faz entre meios eletrônicos e impressos. Trata-se de uma distinção simples. Os meios impressos podem ser de propriedade de empresas bastando um registro simples em cartório. Já os eletrônicos são regulados por uma Constituição que os configura como tendo um caráter eminentemente público. Não podem ser de propriedade de ninguém, uma vez que são concessões (TVs) ou outorgas (rádios) de caráter provisório. Daí, a importância da Fundação Piratini, empresa pública que faz a gestão da TVE e da FM Cultura, duas emissoras que estão em processo de extinção pelo governo de José Ivo Sartori no Rio Grande do Sul em seu pacotaço de ataque aos serviços públicos apresentado na Assembleia Legislativa na semana passada.

Citando a cientista política Ana Arendt, Guareschi disse que não se pode fazer distinção entre mídia e política. "A mídia eletrônica está num círculo de ferro. Eles dão as dicas do que querem. O grande problema nosso é entre o mercado e o Estado. 94% das nossas televisões são privadas. A BBC na Inglaterra é pública. Desde 1920, tem caráter público. O jornalista não opina, mas ajuda a fazer a pergunta. É o pressuposto do diálogo, do respeito ao saber do outro”, acrescentou Guareschi.

Mais Paulo Freire

Depois de fazer um diagnóstico do sistema, transitar pelo caráter político e manipulador do monopólio da comunicação eletrônica e pontuar questões relacionadas ao sistema jurídico que mantém a comunicação eletrônica no que chama de círculo de ferro, Guareschi reconheceu a dificuldade de romper o círculo. Citou a Ação Declaratória de Inconstitucionalidade (ADI) 4475, do especialista em direito de informação, Fábio Konder Comparato, e que tramita no STF, referindo a ilegalidade da não regulamentação do Artigo 5º da Constituição Federal. Depois de reiterar essas questões, apresentou seu modelo.

Não é preciso recorrermos aos modelos tradicionais das escolas europeias culturais de muito menos ao modelo comercial estadunidense de comunicação. Digamos que o modelo adequado ao Brasil está no meio de nós. Mais precisamente o educador Paulo freire e sua proposta de comunicação extensiva são suficientes para tornar o modelo comunicacional que queremos mais educador, mais respeitoso aos saberes locais, mais dialógico. "Um comunicador dizer ‘que vergonha’ num meio de comunicação eletrônico é um crime. Não é dar a resposta, é fazer a pergunta. Se o jornalista quer se posicionar tem que ter a humildade de dizer que esta é a opinião dele e que há muitas outras opiniões. O termômetro que mostra a democracia no país é a participação na comunicação”.

*Imprensa/SindBancários
 
 
 
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