O fato – amplamente
disseminado nas redes sociais através de áudio e vídeo e registrado por jornais
da cidade e da capital – se deu numa atividade de campanha política, num Painel
no Conselho Municipal de Saúde de Santa Maria, na última quinta-feira
(20/10/2016), quando o prefeiturável
POZZOBOM declarou que teria sugerido à sua empregada doméstica que ela
utilizasse a cola "Super Bonder" para "colar/fechar” sua genitália, a
fim dela não gerar mais filhos, já que estava grávida do quarto bebê, o que ele
considerava um absurdo. E usou esse
"exemplo” para justificar o "Projeto” de sua campanha eleitoral, o "Mãe
Santa-Mariense”, que seria uma "política de educação” com orientação de
"Planejamento Familiar” para as mulheres da cidade de Santa Maria.
Pressionado pelas
mídias, pela repercussão negativa de sua fala preconceituosa e de incitamento à
violência contra as mulheres, Pozzobom emitiu nota pública aos jornais,
justificando o que disse e se defendeu dizendo que "foi uma brincadeira”.
Ora, essa
"brincadeira” do Pozzobom PODE DESENCADEAR UMA ONDA GALOPANTE de ataques em
série contra mulheres, por ele tentar naturalizar crime bárbaro e tortura
medieval contra mulheres. Neste fato, que segue o mesmo curso de uma cultura
que tenta naturalizar a violência contra nós, mulheres, com sucessivas
tentativas de nos questionar, culpabilizar, responsabilizar, perseguir e
condenar, o mais grave é o INCITAMENTO DE VIOLÊNCIA contra as mulheres que ele
fez! O que pode, concretamente, vir a
ocorrer em Santa Maria e/ou no Rio Grande do Sul, pela disseminação dessa sua
violenta ideia machista e misógina propagandeada por ele.
Pois esse tipo de
crime já aconteceu ano passado na África do Sul, quando marido ciumento colou a
genitália da mulher com cola do tipo "Super Bonder”, de modo irreversível,
causando enorme sofrimento para ela, que ficou mutilada. Sabe-se que quando
condutas inaceitáveis são realizadas e amplamente divulgadas nos meios de
comunicação, tornando-as muito populares e conhecidas, logo essas são
replicadas na sociedade. O caso dos esquartejamentos que vem ocorrendo
recentemente em Porto Alegre é uma prova desse tipo de barbárie desumana, que
vem se replicando.
Vivemos em uma
sociedade patriarcal, machista, sexista e racista em que as mulheres e meninas
são tratadas como seres inferiores, como objetos e são violadas diariamente. A
violência de gênero é um problema grave e atinge milhares de mulheres todos os
dias. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado do RS, em
2015, aconteceram 807 tentativas de homicídio e 346 assassinatos de mulheres.
Porém sabe-se que a violência contra a mulher é bem maior, se considerarmos as
que são agredidas física e moralmente e as que não conseguem denunciar.
Portanto, Pozzobon,
justamente num debate político sobre políticas públicas de saúde, além de jogar
a responsabilidade do "Controle de Natalidade” apenas nas mulheres, propôs e
estimulou a violência contra as mulheres de forma medieval e torturante,
sugerindo que se "cole” a genitália das mulheres pobres, para que elas não mais
fiquem grávidas! Tal declaração incute na população masculina/machista a falsa
ideia de que a vida de nós, mulheres, está disponível para ser exposta, violada
e julgada, tornando-se, portanto, canais para violações mais graves, como a
sugerida criminosamente por ele.
Diante do exposto,
VIEMOS A PÚBLICO, MANIFESTAR NOSSO REPÚDIO frente ao fato aqui destacado e
expressar nossa INDIGNAÇÃO CONTRA O CANDIDATO A PREFEITO da cidade de Santa
Maria (RS), Jorge Cladistone POZZOBOM, do PSDB, POR INCITAR A VIOLÊNCIA CONTRA
AS MULHERES.
Temos o direito de
viver com liberdade e sem violência!
A nossa resistência
é o que nos mantém vivas e lutando!
#NãoFoiBrincadeiraFoiViolênciaContraAsMulheres
Exigimos que as leis
do Brasil, que os direitos sociais e a Constituição sejam respeitadas e
seguidas!. Somos uma organização Pluripartidária e de movimentos de Mulheres
pela Democracia.
Porto Alegre (RS)
22 de outubro de 2016.
Comitê de Mulheres
Pela Democracia – RS
Movimentos que Compõem esse Comitê:
Coletivo Feminino
Plural, Coletivo de Mulheres UFRGS, Conselho Municipal de Mulheres POA, Rede
Feminista de Saúde, Marcha das Mulheres Negras, Marcha Mundial de Mulheres,
Ação Mulheres Trabalhistas, FMG (Federação das Mulheres Gaúchas), Secretaria de
Mulheres PT, Setorial Nacional Mulheres PSOL,
PDT Mulher, Mulheres PCdoB, Liga Brasileira de Lésbicas, Promotoras
Legais Populares, Advogadas e Advogados Pela Legalidade, Saúde Coletiva UFRGS,
Comissão Pastoral da Terra RS, Movimento Nacional de Luta pela Moradia RS,
Anistia Internacional, Frente Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular,
Contestação, Intersindical, FETRAFI/RS, Federação de Alimentação/RS, Federação
Nacional de Cooperativa Habitacional das Trabalhadoras/es Correios, CPERS
Sindicato, Sindicato Bancários POA, Sindicato Jornalistas, Sindicato
Sociólogas, SindiPetro/RS, UGEIRM Sindicato, Gabinete Vereadora Sofia Cavedon,
Gabinete Deputada Estadual Stela Farias, Gabinete Deputada Estadual Manuela
D’ávila, Gabinete Deputada Federal Maria do Rosário, COREN/RS, CUT RS, Fórum 21, UJS, UBM, UBS,
MTD, OCAC, MMI. CLADEM, Renata Jardim,
Fórum Gaúcho de Saúde Mental – FGSM, EmpoderArte.
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