"A exclusão que [transexuais] sofrem desde a infância e
a adolescência impedem que tenham, muitas vezes, educação de qualidade,
formação profissional e/ou oportunidade de inserção no mercado. Por outro lado,
mesmo quando possuem qualificação adequada sofrem discriminação e têm seus
direitos limitados", afirmou o coordenador, durante o lançamento do manual
da Organização das Nações Unidas (ONU) Promoção dos Direitos Humanos de Pessoas
LGBT no Mundo do Trabalho, no Rio de Janeiro.
Elaborado em parceria com a Organização Internacional do
Trabalho (OIT) e o programa das Nações Unidas sobre Aids e HIV (Unaids), o
manual tem 80 páginas e apresenta dez compromissos e desdobramentos que as
empresas e empregadores podem desenvolver para enfrentar o preconceito contra
lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros (LGBT).
De acordo com um dos autores do manual, Beto de Jesus, a
ideia é estimular corporações a criarem processos contra a discriminação e,
quando ocorram casos, que sejam apurados e as equipes capacitadas. Entre as
medidas, o manual cita a necessidade de os executivos se comprometerem com a
questão. "A liderança da empresa deve falar sobre isso porque as pessoas,
muitas vezes, têm medo de se assumir como LGBT e não sabem se serão bem
acolhida", disse.
Beto de Jesus citou como exemplo o ex-presidente da
multinacional norte-americana Apple, Steve Jobs, falecido em 2011, que se
assumiu gay. "Ele deu uma mensagem clara para os gays daquela empresa:
quem não tinha saído do armário, pois sabia que podia sair", brincou.
"É preciso uma liderança que reafirme: 'nesse espaço não haverá
discriminação'", completou.
Os dez compromissos também rejeitam a homo-lesbo-transfobia
no relacionamento com o público e com parceiros de negócios, sugere metas para
contratação e promoção de LGBT, ações de capacitação e política de
responsabilização, além de pesquisas e censos internos.
Todas as medidas, segundo o representante da ONU,
"promovem interações respeitosas, potencialmente criativas e
inovadoras" e tornam empresa mais produtivas. "Isso inclui as
dimensões de gênero, raça, nacionalidade e de orientações sexual",
concluiu Chediek. *Agência Brasil
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