Um Dia do Trabalhador para celebrar as conquistas da classe trabalhadora, lembrar os companheiros que escreveram parte desta história e exigir justiça para os assassinos de quem pagou com a própria vida por ter lutado por uma sociedade melhor. Assim foi o 1º de maio da CUT-RS, que reuniu cerca de mil pessoas num ato público no Viaduto Pres. Kennedy, em Sapiranga.

Entre as bandeiras erguidas pela Central, estavam a apuração e punição dos assassinos de Jair da Costa e Élton Brum; contra a desindustrialização; defesa do trabalho decente; pelo pagamento do piso nacional aos professores e funcionários municipais e estaduais sem mexer nos planos de carreira; redução da jornada sem reajuste salarial; pela sanção da Convenção 151; contra a previdência complementar do servidor público; pela reforma agrária e urbana; pelo fim do fator previdenciário e por alterações na PL do Código Florestal.

A atividade iniciou com apresentação do cantor Pedro Munhoz. Após, o padre Rudimar Dal’Asta realizou uma missa onde foi feito um minuto de silêncio em lembrança dos companheiros que morreram ao lutar por melhores condições de trabalho e uma sociedade justa e igualitária.

O local onde foi realizado o ato da CUT-RS é o lugar onde o sapateiro e diretor sindical, Jair da Costa foi morto por policias militares durante uma manifestação em defesa do emprego promovida pelos trabalhadores do calçado, no dia 30 de setembro de 2005.

A entidade também lembrou o companheiro Elton Brum, integrante do MST, assassinado pelas mãos da PM durante manifestação do movimento, na luta pela reforma agrária junto à Fazenda Southall, na cidade de São Gabriel em 2009. Para a CUT-RS é fundamental a apuração e punição dos culpados por essas mortes.

Segundo a integrante do MTD, Ereni Poerschke, "É importante a união dos movimentos, social e sindical, para exigir justiça pelos seus mártires. Precisamos estar cada vez mais organizados e unidos para lutar por justiça. Julgam e condenam até ladrões de galinha, por que não julgam os assassinos dos nossos companheiros?”, questionou.

O secretário geral da CUT Nacional, Quintino Severo, parabenizou a escolha do local da atividade: “este é um local simbólico para a classe trabalhadora gaúcha e é fundamental fazermos uma reflexão sobre os fatos aqui ocorridos há sete anos”.

Ele acredita que se Jair não tivesse sido morto teria sido um grande dirigente sindical. “Jair já era do Sindicato dos Sapateiros e sempre participava dos atos da CUT, com certeza ele estaria com a gente hoje. Assim como o Élton, que certamente, continuaria na luta por reforma agrária. Lembrar deles e cobrar justiça nesta atividade, trás o presente para as nossas reflexões e não só o passado”, afirmou.

Além disso, a atividade celebrou as conquistas contabilizadas através da luta dos trabalhadores e a necessidade de alterações no PL do Código Florestal. Para o integrante do MST, Cedenir de Oliveira, não é possível falar de justiça social sem preservar o meio ambiente. “É um debate e uma construção que tem que andar juntos”, afirmou.

A secretária da Mulher da CUT Nacional, Rosane da Silva, lembrou as 720 mil trabalhadoras domésticas mal remuneradas no Brasil. “Por isso lutamos pela ratificação da convenção 189, que trata do trabalho decente para esta categoria”, explicou. Durante o evento estava passando um abaixo-assinado pela ratificação da Convenção 189 e da recomendação 201 da OIT.

Encerrando o ato, o presidente da CUT-RS, Celso Woyciechowski, afirmou que o Dia do Trabalhador é emblemático para os trabalhadores conhecerem o compromisso de cada central sindical. “Hoje fica claro a diferença do debate e da construção que se faz. Amanhã, nas manchetes dos jornais, terá festas e reflexões para desenvolver o Brasil”, disse.

Woyciechowski salientou a importância da região de Sapiranga, referência no setor coureiro calçadista. “Muitos trabalhadores daqui já sofreram com crise, porém atualmente a região voltou a ter aumento nos postos de trabalho. Triste é que nossos companheiros, Jair e Elton não estão conosco para comemorar as recentes conquistas da classe trabalhadora, frutos de políticas públicas que ajudam a desenvolver o Brasil”, finalizou.