As ações do Santander fortalecem os argumentos do Sindicato. O Santander praticamente subscreve com essas duas ações que, de fato, não se trata de uma decisão dos bancários trabalhar na manhã de sábado sem horas extras e remuneração em mais ao menos cinco sábados. A outra é que a ação jurídica impetrada às 16h34 da quinta-feira, 9 de maio, na Justiça do Trabalho de Porto Alegre, para obstruir a ação do Sindicato não partiu de nenhum trabalhador do banco. Partiu do Instituto Escola Brasil, que desenvolve iniciativas de voluntariado no banco e do próprio Santander.
O secretário de Saúde da Contraf-CUT, também funcionário do Santander, Mauro Salles, diz que essas duas ações são a prova de que o trabalho voluntário não passava de um pretexto para uma ilegalidade. "O Santander insiste em descumprir a lei. Insiste em chamar de voluntariado. Uma das provas é que hoje os bancários só se retiraram da agência com autorização do superintendente. Tinha hierarquia. É um evento organizado pela empresa”, avaliou Mauro. Interdito proibitórioAssessor jurídico do SindBancários, o advogado Breno Vargas, esteve desde as primeiras horas da manhã na frente da agência do Santander no bairro Bom Fim. Até o meio-dia do sábado, não havia decisão ou pronunciamento do juizado responsável pela avaliação da liminar do Santander para impedir o trabalho do Sindicato. Breno explicou que, assim que houver decisão judicial sobre o interdito proibitório, a assessoria jurídica irá se manifestar nos autos
"Fica evidenciada a ligação entre a ação social e a marca Santander pela escolha do local que é a agência bancária. Quando o evento é deslocado para a agência, isso gera, no mínimo, a necessidade de investigação quanto a licitude”, pondera o advogado. Mais uma curva do bancoPara o diretor do SindBancários e funcionários do Santander, Paulo Roberto Stekel, a utilização do Instituto Escola Brasil como demandante em uma liminar para impedir a ação do Sindicato de defesa da jornada legal de seis horas de segundas a sextas-feiras é mais uma "curva” que o banco tenta dar. "Usando o instituto, o banco tenta dar uma noção de que é voluntariado. Mas a gente sabe que não é. Voluntariado é só um pretexto para não pagar horas extras”, avaliou Stekel. "Voluntariado compulsório”A diretora do SindBancários e também funcionária do Santander, Natalina Gué, diz que o banco está tentando criar um monstro jurídico que ela chamou de "voluntariado compulsório”. O bancário não seria obrigado a trabalhar no sábado, mas se não fosse trabalhar...
"O Santander consegue nos surpreender tentando burlar mais uma vez a legislação ao criar a figura do voluntário. Se o banco estivesse mesmo interessado em ajudar as pessoas, ofereceria empréstimos a juros mais baixos e criaria mais empregos. Esse é o objetivo de um banco. Não pode ser criar voluntariado compulsório”, afirmou Natalina. Defendendo os colegasO recado aos colegas do Santander que querem ou não trabalhar aos sábados é o de sempre repetido pelo Sindicato. A entidade e seus dirigentes ficaram as manhãs inteiras dos dois últimos sábados em frente à agência para defender direitos dos colegas do Santander.Â
"A importância do Sindicato estar presente é para defender os colegas de mais uma tentativa do banco abrir não só burlando a legislação, mas fazendo os colegas acharem que estão mesmo fazendo um serviço voluntário. O papel do Sindicato é defender e continuar na defesa da jornada de trabalho”, explicou Luiz Cassemiro, dirigente do Sindicato e funcionário do Santander. Resistência aos ataquesA tentativa de o Santander abrir 29 agências em todo o país a pretexto de educar financeiramente as pessoas e seus clientes em vez de reduzir juros e tarifas bancárias, em dois sábados seguidos, faz parte de um contexto de retrocessos no país. Reforma Trabalhista e terceirização, desde 2016, atacaram vários direitos dos trabalhadores. O mesmo agora ocorre com a reforma da Previdência e com o PL 1043/19, apresentado em fevereiro na Câmara do Deputados para liberar o trabalho aos sábados nos bancos.
Os bancários conquistaram o direito de descanso aos sábados em 1962. "O que o Santander está fazendo aumenta a resistência dos bancários e dos trabalhadores contra a retirada de direitos. Não podemos permitir retrocessos. Vamos continuar na luta em defesa dos bancários”, asseverou o secretário de Comunicação da CUT-RS e também bancário do Santander, Ademir Wiederkehr.
Fonte: Imprensa SindBancários |