"A violência só vai ser superada quando tivermos igualdade
plena e para isso precisamos desconstruir essa agenda de retrocessos do governo
federal”, afirmou a secretária de Mulheres do PT gaúcho, Misiara Oliveira, no
painel Feminicídio, violência contra as mulheres e direitos reprodutivos, em
ato promovido pela CUT-RS, entidades filiadas e movimentos sociais. O evento
ocorreu nesta sexta-feira, 8 de Março, no Largo Glênio Peres. |
A Fetrafi-RS participou da atividade, ao lado do
SindBancários de Porto Alegre e Região. "Precisamos de unidade neste momento de
luta contra os retrocessos”, afirma a diretora de Mulheres da Fetrafi-RS,
Cristiana Garbinatto. "Por isso nos somamos à agenda da CUT nesse Dia da Mulher,
para que a nossa voz ganhe mais força”, completou a diretora Denise Corrêa.
Feminicídio
O painel ressaltou a luta das mulheres para aprovação da Lei
da Maria da Penha, da abertura de delegacias especializadas e aprovação da
tipificação do assassinato de mulheres por questões de gênero, crime tratado
como feminicídio. A advogada e assessora institucional da Themis, Renata
Jardim, reforçou a importância de se discutir a violência contra a mulher. "Essa
é uma pauta global. As mulheres estão morrendo simplesmente por serem mulheres”,
frisou.
Renata explicou que os dados são rasos, pois nem todos os
casos que deveriam ser enquadrados como feminicídio entram para as estatísticas.
Há mortes que são violentas e intencionais, como as provocadas por violência
sexual ou os crimes onde se alega "defesa da honra”. E há, também, as mortes
não intencionais, mas que poderiam ser evitadas, como partos e abortos
inseguros e cirurgias estéticas, entre outras.
Saúde
A médica de família Camila Giugliani, integrante do Fórum
Aborto Legal e do Grupo Musas, ressaltou que os investimentos em saúde da
mulher no Brasil são direcionados apenas para a saúde materno-infantil, mas que
há muitas outras questões a serem abordadas, como o aborto, a diversidade e os
direitos sexuais reprodutivos. "Estamos vivendo uma onda de violações. Há
tentativas de proibir o aborto até em casos de violência sexual. Infelizmente
estamos na contramão do que indica a Organização Mundial da Saúde”, enfatizou.
Defesa
A defensora pública Liliane Braga de Oliveira, do Núcleo de
Defesa da Mulher da Defensoria Pública, lembrou que há diversos tipos de
violência, entre eles, a moral e a psicológica e que é preciso denunciá-los. "Temos
um centro de referência para acolhimento das vítimas e estamos à disposição
para atendê-las”, afirmou. O Núcleo distribuiu cartilhas sobre como identificar
os tipos de violência reconhecidos pela Lei Maria da Penha. |