O evento começou no Teatro Dante Barone, da Assembleia
Legislativa, debatendo conjuntura nacional e organizando o Dia Nacional do
Basta, que as centrais sindicais marcaram para o próximo dia 10 de agosto, e a
atuação do movimento sindical na campanha Lula Livre e nas eleições de outubro.
Bom dia, presidente Lula
Antes de compor a mesa da plenária, a secretária de finanças
da CUT-RS, Vitalina Gonçalves, chamou os presidentes das CUTs Estaduais para
comandar o "Bom dia, presidente Lula”, a saudação diária da Vigília Lula Livre,
em Curitiba, onde ele é preso político desde 7 de abril na Superintendência da
Polícia Federal, e que hoje ecoa em todo o Brasil.
O grito foi repetido com muita força 13 vezes e, ao final,
todos cantaram, em pé, "Lula, guerreiro, do povo brasileiro”.
Unidade na defesa da classe trabalhadora
O presidente em exercício da CUT-RS, Marizar Mello, abriu as
manifestações dos dirigentes dos três estados do Sul do Brasil. "Temos que
dialogar com a nossa base e fazer o enfrentamento com o capital. Só estamos
aqui hoje porque o Brasil está vivendo um período de exceção na política.”
Para Marizar, a expansão da crise econômica e o ataque às
instituições comprovam a necessidade de união dentro da CUT para consolidar a
candidatura de Lula nas eleições de outubro.
A presidente da CUT-SC, Anna Julia Rodrigues, focou a
importância da luta pela manutenção dos direitos dos trabalhadores. Ela
destacou que a reforma trabalhista e a ameaça da reforma da Previdência foram
golpes duros ao longo de 2017. "Temos que resistir e nos fortalecer. É um pé no
sindicato e outro na luta”, resumiu.
A fala da presidente da CUT-PR, Regina Cruz, foi recebida
com muito carinho, uma vez que é uma das coordenadoras da Vigília Lula Livre.
Para ela, Curitiba virou uma cidade de resistência. Por isso, pediu para que a
plenária se concentrasse na unidade da classe trabalhadora, de forma que
organize ações concretas. "Vamos sair daqui mais fortalecidos.”
A plenária contou com a presença do deputado Adão Villaverde
(PT), representando o presidente da Assembleia Legislativa, do ex-ministro da
Saúde, Alexandre Padilha, e de vários dirigentes nacionais da CUT.
Eleger candidatos que representem os trabalhadores
O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, afirmou que o
sentido da organização das plenárias em todo o país é articular os dirigentes
sindicais para formar opinião. "Nós somos o maior foco de resistência das
organizações de trabalhadores no Brasil.”
Ele questionou as "derrotas” impostas à CUT por veículos da
imprensa. "A nossa grande vitória é permanecermos unidos e eu espero que os
trabalhadores e trabalhadoras tenham aprendido. Após a reforma trabalhista,
espero que tenham reconhecido o valor do movimento sindical.”
Vagner salientou que "o Dia Nacional do Basta deve ser um
dia de paralisação de uma hora, de duas horas, de três horas ou de 15 minutos,
mas é de paralisação dos trabalhadores”. Ele frisou que "é preciso dizer qual é
a nossa plataforma: luta pelo emprego, luta contra a carestia, mas também Lula
livre, Lula presidente”.
O dirigente nacional da CUT denunciou que cerca de 90% dos
parlamentares do Congresso Nacional foram financiados pelas instituições dos
empresários. Vagner destacou a plataforma da CUT para as eleições de outubro,
conclamando a eleição de candidatos que representem os trabalhadores. "Não
queremos um Congresso do empresariado”.
"Clima está mudando na sociedade”
Analisando a conjuntura política, o ex-ministro dos governos
Lula e Dilma, Gilberto Carvalho, avaliou
que a 84 dias das eleições a classe trabalhadora deve se preparar para eleger
governos e parlamentares que garantam os seus direitos. "Certos partidos acham
que estamos dividindo a esquerda ao não apoiar Ciro Gomes. Não. Nós vamos até o
final com o ex-presidente. Vamos registrar Lula como candidato a presidente da
República no dia 15 de agosto em Brasília”, disse.
Para Carvalho, a prisão de Lula ficou para a história como a
última esperança de acabar com o apoio do ex-presidente. "O que nós assistimos
foi um fato incrível, que desconcerta tanto a direita como a nós. Ele
permaneceu no coração do povo. Então, não tem graça para eles terem feito todo
esse golpe e ainda aparecer o 13 com o nome de Lula na urna”, assinalou.
No entanto, o ex-ministro reconheceu que há falhas na
articulação do movimento. "No dia da prisão dele, esperávamos 40, 50 mil
pessoas. Tínhamos 10 mil. Nunca vou me esquecer. Eu não me esqueço do Lula
pegando no meu braço, olhando pela janela e falando assim: ‘Gilbertinho, a
gente faz a guerra com os soldados que tem’”, recordou.
Carvalho contou que ficou "perplexo” com a prisão do
ex-presidente. "Ficamos sem saber o que fazer por alguns momentos.”
Questionando a forma do movimento fazer resistência, instigou o movimento
sindical a repensar as formas de agir.
"Colocamos uma banquinha na Rodoviária de Brasília para que
as pessoas escrevessem cartas ao Lula. E foi impressionante ver aquilo. A
reação do povo não corresponde às nossas formas tradicionais de mobilização.
Temos que nos perguntar se estamos em sintonia com o que é cultura popular e,
se as formas de resistência que nós oferecemos ao povo, são as formas que o
povo quer usar para se manifestar”, refletiu.
Ele salientou que "o clima está mudando na sociedade. Vamos
aproveitar e vincular a esperança das pessoas com a reconstrução e a renovação
do processo de atuação política.”
Carta compromisso de Porto Alegre
O secretário-geral adjunto da CUT-RS, Amarildo Cenci,
apresentou a Carta Compromisso de Porto Alegre. O texto ganhou o apoio de todos
os participantes, além de alguns acréscimentos, durante as manifestações de
dirigentes dos três estados.
O documento, cuja redação final será divulgada nos próximos
dias, destaca a realização do Dia Nacional do Basta, no próximo dia 10 de
agosto. "Basta de desemprego, basta de saque ás nossas riquezas, basta de
reforma trabalhista, basta da PEC da Morte que destrói as políticas sociais de
saúde e educação, basta de aumento no preço dos combustíveis, basta de
rentismo, basta de desigualdades, basta de privatizações”.
A carta estabelece o dia 5 de agosto para panfletagens,
colagens e atos de lançamento dos comitês sindicais Lula livre – Lula
presidente. O sucesso do dia 10 de agosto nos motivará para campanha eleitoral.
"As eleições de outubro marcarão uma etapa decisiva na luta
contra os golpistas e as elites brasileiras. Será a ‘campanha salarial’ mais
importante das nossas vidas e da geração que nos últimos 30 anos luta por
direitos e democracia e contra os poderosos”, enfatiza o texto.
"Além disso, é preciso ‘deseleger’ a base parlamentar que
votou a favor do golpe, que aprovou a PEC da Morte, a reforma trabalhista e deu
sustentação a esse governo”, conclui o documento.
Caminhada ao TRT-4
Às 13h, todos saíram em caminhada até o prédio do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região, onde foi realizado um ato de protesto, marcando
o Dia Nacional de Mobilização contra os desmandos do TRF-4 e do juiz Sérgio
Moro.
A manifestação contou com a participação do presidente do
PT-RS, deputado Pepe Vargas, e de representantes de movimentos sociais. Informações: CUT RS |