Tamanha ocultação de transação, tamanha sinuosidade na forma de não deixar que ninguém soubesse da intenção só podem levar ao seguinte raciocínio: um governo que não fez nada durante os quase quatro anos que governa definitivamente usa o Banrisul para pegar um dinheiro e tentar mostrar alguma obra para se reeleger em outubro. Aliás, esta tese, este estranhamento está impresso na opinião de analista de mercado.
Quero-quero
A sócia e diretora da Zenith Asset Management, Débora de Souza Morsch, escreve, perplexa, na página 13 da edição da segunda-feira, 30/4, de Zero Hora, uma coluna com duras críticas ao governador do Estado. Ela praticamente levanta questões que o Sindicato tem feito a respeito da estratégia de quero-quero de Sartori para torrar o patrimônio público. O governador literalmente canta a crise longe do ninho para dilapidar o patrimônio público no lugar em que ninguém está olhando.
Escreve Débora, no artigo sob o título "Liquidando patrimônio público para (re)eleição”: "Na última sexta-feira, de forma sorrateira, sem qualquer aviso ao mercado ou à população gaúcha, o governo vendeu cerca de R$ 3 milhões de ações ordinárias do Banrisul. A venda ocorreu a R$ 17,65 por ação, 31% abaixo do valor da ação do pregão anterior. Isso mesmo, 31% abaixo. Mais uma vez o mercado agradece. Enquanto liquida o patrimônio do Estado, o governador trata sua candidatura à reeleição com uma desfaçatez sem precedentes”.
Quem ganha?
De fato, a desfaçatez do governador não tem precedentes. O homem cujo partido era o Rio Grande entrega a joia da coroa do Rio Grande de mão beijada e a um preço de ação com direito a voto muito inferior ao valor de ação (R$ 18,65) vendido no último dia 10/4. Se, a primeira venda com arrecadação de R$ 484,9 milhões não deu nem para pagar um terço da folha de pagamento nem para acabar com o parcelamento de salários dos servidores públicos, o que dirá agora?
O próprio governo corneteia o mau negócio ao informar que foi vendido um lote com 2.974.500 ações ordinárias (ON), que, a R$ 17,65, levantaram cerca de R$ 52,5 milhões. E o pior: 70% das ações foram vendidas para um comprador. Quem terá lucrado ou lucrará logo ali na frente? É preciso investigar. Siga o dinheiro!
Desde o começo da gestão Sartori e, o Sindicato alerta para a incompetência do governo Sartori de resolver crise. "O único programa de governo deles é destruir o patrimônio dos gaúchos. A cada dia que passa, mais claro fica que o governo dilapida o Banrisul aos poucos para ocultar que está entregando de bandeja aos especuladores do mercado. Está escancarada a intenção do Piratini de buscar, de forma sorrateira, algum dinheiro com o qual possa apagar os vestígios do caos que se tornaram as contas públicas. Afinal, Sartori pretende a reeleição”, diz o secretário-geral do SindBancários e funcionário do Banrisul, Luciano Fetzner.
"O governador passou todo o tempo fazendo o discurso da crise e não teve capacidade de resolver problemas. Até as pedras da Palácio Piratini sabem que o governo Sartori é um dos mais incompetentes da história deste Estado”, acrescenta Luciano.
"Estratégia tacanha”
O que o secretário-geral afirma é comprovado pelos números da mais recente transação. O que ele chama de incompetência, a analista de mercado que escreveu em Zero Hora tem um adjetivo ainda mais definitivo para a estratégia sartoriana: "tacanha”. "Essa estratégia tacanha e com visão de curto prazo de vender mal o maior e melhor ativo do Rio Grande do Sul tem a clara finalidade de propiciar uma artificial melhora no curto prazo nas finanças, na véspera da eleição, e assim, tentar transparecer que isso ocorreu por mérito do governo do Estado”, acrescentou Débora Morsch, que cobra investigação do Ministério Público de Contas e do Tribunal de Contas do Estado.
Conluio nefasto
Se, do seu lado, o governo do Estado desfila incompetência e tenta acobertá-la vendendo a galinha dos ovos de ouro, no caso o Banrisul, de outro a diretoria do Banrisul torna o que é mau negócio em negócio nefasto. Em fato relevante publicado na sexta-feira, 27/4, a direção do banco comunica em fato relevante a distribuição de R$ 20.203.882,03 a acionistas do banco. Tal decisão teria sido tomada durante a assembleia ordinária realizada na mesma sexta-feira. Mas, atenção, corra acionista se quiser pegar uma beira, porque o fato relevante informa que essa proposta vale até a próxima quinta-feira, 3 de maio. Se tem dividendo complementar, a diretoria do Banrisul poderei explicar por que não tem PLR complementar para todos. De onde saiu esse dinheiro?  Informações: SindBancários |