"De acordo com a mídia conservadora, Temer prometeu a dirigentes de pelo
menos duas centrais que, após a aprovação da reforma que acabou com o
imposto sindical, mandaria uma medida provisória criando uma
contribuição para garantir o financiamento das centrais sindicais", diz
ainda a central.
A CUT lembra que não participou dessa
negociação e informa ainda que não atenderá convocação do ministro do
Trabalho, Ronaldo Nogueira, para uma reunião com o governo nesta
quarta-feira (19) para discutir o tema "porque não faz qualquer
negociata em troca dos direitos da classe trabalhadora".
"Não
participaremos de nenhuma negociação porque, obviamente, não negociamos
uma reforma nefasta como essa para manter um imposto que combatemos
desde nossa fundação, em 1983”, disse o presidente da entidade, Vagner
Freitas. Apesar de historicamente ser contra o imposto, a CUT não
concorda em discutir o fim da cobrança desta forma, "muito menos com um
governo ilegítimo e sem qualquer respaldo popular".Â
"O que
Temer e os empresários querem fazer é enfraquecer o movimento sindical,
alegando que ele existe só com por causa dos recursos públicos e que
sindicato não é importante para a vida do trabalhador. Duas afirmações
mentirosas. Primeiro, não é verdade que os recursos são públicos, são
dos trabalhadores. Segundo, sem sindicatos os trabalhadores ficarão à
mercê dos patrões e dos seus prepostos do RH, especialmente após a
aprovação da nefasta reforma trabalhista que, entre outras desgraças,
prevê que os trabalhadores podem negociar sozinhos, sem apoio do
sindicato da categoria, demissões e férias, entre outros itens”,
argumentou Vagner.Â
Esse imposto tem de acabar, mas não nesse
governo, acrescenta o presidente da CUT. Para ele, a contribuição
sindical não ajuda na renovação nem na construção de um sindicalismo
mais independente, mas para discutir o tema é preciso eleger
democraticamente um presidente da República, renovar o Congresso
Nacional e debater o tema com a sociedade. Â
"Nós defendemos a
substituição do imposto por uma contribuição negocial, aprovada pelos
trabalhadores em assembleia, com piso e teto definidos e que, para
existir, tenha transparência nas contas, com realização de assembleias
de prestação de contas, previsão orçamentária e que os trabalhadores
tenham acesso total às contas da entidade, mas isso não pode ser parte
do golpe de Estado que destituiu uma presidenta legitimamente eleita",
acrescentou Vagner. "A CUT pode sobreviver sem a cobrança do imposto
sindical, mas precisamos resgatar a democracia legítima, implementar
canais verdadeiros de negociação entre trabalhadores e empresários.” *RBA
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