Gimenis iniciou sua fala lembrando que os Banrisulenses têm
sido chamado à luta para a defesa do Banrisul público pelo Sindicato com uma
frequência inquietante. "De tempos em tempos, temos que voltar a falar da
privatização do Banrisul, um tema que deveria estar superado. Nós vencemos este
debate agora. A história provou que não é preciso vender o Banrisul para tirar
o Estado da crise”, assinalou.
Gimenis lembrou também dos ataques sistemáticos que o
Badesul, banco de fomento, tem sido alvo desde o ano passado. Tanto setores da
imprensa quanto o próprio governo mira o desgaste da imagem do Badesul para
enfraquecê-lo. O mesmo ocorre com o Banrisul. Gimenis explicou que o ataque
realizado pelo atual governo repete uma estratégia que o governo Yeda Crusius
levou adiante até conseguiu vender 43% das ações IPO do Banrisul em 2007.
Além de exaltar a importância social e econômica do Banrisul
e do Badesul, o presidente do SindBancários explicou que vender o Banrisul e
todo o patrimônio público como a CEEE, a Corsan, a Sulgás e a CRM, como propõe
o PL 343/17, do Regime de Recuperação Fiscal, irá ampliar a dívida do Estado e
não vai resolver o problema financeiro.
"Os grandes bancos privados não têm nenhuma preocupação
social. O papel deles é explorar cada vez mais o funcionário e manter e ampliar
o lucro. O Banrisul é necessário no Estado. UM estado que abrir mão de um
banco, abre mão de uma política autônoma. O que o governo federal está
propondo é simplesmente uma moratória de três anos de pagamento da dívida enquanto
o juro continua correndo. O governo que assumir após o Sartori vai ter que
pagar uma dívida ainda maior e não vai ter mais uma ferramenta de
desenvolvimento e investimento público como é o Banrisul. Vender o Banrisul é
um péssimo negócio para o Estado”, acrescentou Gimenis.
Há saídas para superar as dificuldades financeiras. Mas é
preciso que os gestores públicos tenham vontade de buscar recursos com muito
trabalho e com propostas claras de recuperação de valores que a União deve aos
estados. Uma delas é propor ao governo federal um encontro de contas. Com o que
o Estado deve à União (cerca de R$ 50 bilhões) e com os créditos que teria para
receber da Lei Kandir (calcula-se entre R$ 30 bilhões e 45 bilhões), o que pode
reduzir a dívida global em até 10 vezes. "O governo tem que ter vontade
política e disposição para trabalhar em busca de alternativas. Tem que
abrir a caixa-preta das isenções fiscais. Ninguém sabe quem e quanto ganhou de
isenção e quantos empregos gerou. E tem que abrir também a caixa-preta da
sonegação, investindo em fiscalização, controle e recuperação de valores. São
bilhões. Quem faz sonegação não são os trabalhadores”, finalizou.
Saúde e chantagem
A vereadora Sofia Cavedon abriu o seu espaço de manifestação
fazendo uma menção à provocação de um vereador que costuma dizer na tribuna que
só vai vestir a camiseta da luta do Banrisul quando o banco público for
privatizado, informando investimentos em hospitais privados. O Funafir (Fundo
de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados) garantiu repasses
de R$ 200 milhões a vários hospitais privados desde 2015. "Todos vimos a crise
dos hospitais no governo Sartori, e o Banrisul foi o banco acionado para
socorrer. A maioria das contas correntes do banco é de trabalhador assalariado.
O Banricompras possibilita o parcelamento. Muitas vezes, a pessoa não tem como
ter cartão de crédito, mas tem o Banricompras”, enumerou Sofia.
A vereador lembrou de sua cidade natal, Veranópolis na Serra
Gaúcha, e do apoio que o Banrisul oferece anos para viabilizar um evento
cultural que faz parte da vida da população local. "Na cidade em que nasci o
Banrisul ajuda a realizar a Festa da Maçã. A bancada do PMDB aqui na Câmara,
diz que o governador não vai privatizar o Banrisul. Mas nós temos um presidente
(Michel Temer) chantagista que diz que só vai ajudar o Estado se vender tudo. A
Câmara de Vereadores tem apreço com o Banrisul. Não se trata de uma luta
corporativa dos funcionários do Banrisul, mas de uma luta pela autonomia
econômica do Estado”, afirmou Sofia.
Funcionária concursada do Banrisul, a vereadora Fernanda
Melchionna (PSOL) conseguiu aferir o nível de comprometimento da defesa do
Banrisul, na Câmara de Vereadores, ao encaminhar Moção de Solidariedade "aos
trabalhadores bancários e em defesa do Banrisul estatal”, à votação em sessão
de 3 de abril passado. Entre os vereadores presentes, 25 votaram a favor da
moção e apenas um foi contra, o vereador Felipe Camozzato (NOVO). "O Meirelles
(ministro da Fazenda, Henrique) tem colocado o Banrisul para a venda. Faz
sistematicamente uma chantagem. Essa é parte de uma agenda neoliberal, de
negociação da dívida. Tirar o plebiscito, a possibilidade de o povo decidir,é
um absurdo.”
"A minha lembrança maior de infância foi meu pai trabalhar
no Banrisul. Ele trabalhou por quase 40 anos no Banrisul. Uma das maiores
dificuldades que tive foi convencer meu pai a se aposentar, tamanha a
preocupação de um funcionário com amor pela instituição. Aprendi antes de ler a
importância de não privatizar o Banrisul. É fundamental manter o Banrisul
público.” Rodrigo Maroni (PR)
"Não é o momento de definirmos no Estado questões como as
privatizações. Não é o momento por conta do descrédito dos políticos. Sou
funcionário público da Fazenda do Estado. Diziam que a consultoria Falconi ia
ajudar o Estado a superar os problemas financeiros. Mas a Falconi também esteve
em Minas Gerais e hoje é um dos três estados com os problemas mais difíceis nas
finanças públicas. Tem tanto funcionário capacitado na Fazenda, inclusive para
propor soluções à crise financeira. Quem não conhece a importância do Banrisul
público, vem e diz que tem que vender para ganhar uns bilhões. Sou natural de
Doutor Ricardo, um dos menores municípios do Estado. E lá só tem um banco, o
Banrisul. Qual o banco privado que iria abrir uma agência em Doutor Ricardo?” Airton
Ferronato (PSB)
"Quando vamos a algum lugar (outro estado) que tem um caixa
eletrônico do Banrisul, temos aporta do Rio Grande do Sul aberta. O Banrisul
não é só a conta-corrente. Tem também as pessoas que fazem o Banrisul. Quero
fazer uma homenagem aos funcionários do Banriusl. Este é o verdadeiro
patrimônio do Banrisul.” Idenir Cecchin (PMDB)
"Quando fui deputado (estadual), apareceu um zum-zum na
Assembleia (Legislativa) para vender os cartões do Banrisul. Nós nos
movimentamos e não deixamos prosperar. Não queremos que vendam o Banrisul. Se
vender, não tem mais volta, como diz a faixa que os funcionários seguram
(referindo-se aos Banrisulenses nas galerias do Plenário).” Cassiá Carpes (PP)
"É lastimável ver um governo adotar política privatista
depois de tantos anos de luta para criar uma empresa pública e mantê-la. Ocorre
o mesmo com as autarquias municipais. O Banrisul, há algum tempo, vem dentro de
uma certa lógica de ser usado como barganha. Não é diferente a nível nacional.
A grande ferramenta é a lei do plebiscito. Duvido que, levar a venda do
Banrisul para o plebiscito, a população vai autorizar. O governo (prefeitura)
em Porto Alegre também tem que ter atitude para não privatizar a Carris.” Aldacir
Oliboni (PT)
"Meu banco (mostra o cartão do Banrisul). Nosso banco. Tenho
a convicção de que o Banrisul não será privatizado porque a maioria do povo
gaúcho quer o Banrisul público. Queremos mais postos de atendimento e mais
pessoas atendendo. Não somos contra a tecnologia, mas queremos pessoas
atendendo os idosos no Banrisul. Nessa Câmara, tem uma ampla maioria
pró-Banrisul. Na sociedade também. Vamos fazer um movimento com todos os
colegas vereadores do Rio Grande do Sul em defesa do Banrisul.” Adeli Sell (PT)
Gostaria que aquela frase (referindo-se à faixa dos
Banrisulenses na galeria, ‘Se vender não tem mais volta’) e que ela fosse
endereçada ao governo federal. Porque já houve uma manifestação do secretário
(Estadual da Fazenda), Giovani Feltes, e do governador (José Ivo Sartori), que
para a recuperação das finanças, o Banrisul não está no jogo. Somos favoráveis
à manutenção do Banrisul público.” André Carús (PMDB)
O Banrisul está presente em 98,5% dos municípios gaúchos. É
um banco sólido e lucrativo. É quase que um sonho. Viabilizando para quem mais
precisa. Quando se trata de uma ferramenta como é o Banrisul, a decisão do
nosso partido e a nossa posição pessoal é pela manutenção do Banrisul público.”
Márcio Bins Ely (PDT) *Imprensa/SindBancários Fotos: Anselmo Cunha |