No grande ato que encerrou o Dia Nacional de Paralisação, na
Avenida Paulista, em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
discursou e criticou o atual governo. "Embora seja fraco e sem nenhuma
representatividade, o Temer conseguiu colocar dentro do Congresso uma força
política que quase nenhum presidente eleito conseguiu e está predestinado a
tentar impor uma reforma da aposentadoria que vai praticamente impedir que
milhões de brasileiros consigam se aposentar e vai fazer com que os
trabalhadores mais pobres, sobretudo os rurais do Nordeste, passem a receber
metade de um mínimo, sem saber o que representam para a economia das cidades
deste país”, afirmou.
Para Lula, "o problema da aposentadoria não é dinheiro.
Gostaria que o Meirelles e o Temer estivessem ouvindo para saber que um dia
resolvemos isso com política de geração de renda, que proporcionou crescimento
inédito de receitas, entre 2008 e 2014, de 54%, com queda de desemprego e da
informalidade.”
Com golpista, não se negocia
O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, reforçou a
importância das manifestações realizadas no país. "Nós temos tido várias datas
históricas na luta da resistência do povo trabalhador. Hoje foi um dia
extraordinário, com muita adesão e deixa claro que o povo é contra a Reforma da
Previdência e Trabalhista.”
Para Vagner, a manifestação prova que não é possível que o
governo insista na tramitação dos projetos. "Nós não vamos negociar migalhas
com o Temer, não vamos negociar migalhas com golpista. O Temer tem que retirar
do Congresso a reforma da Previdência. Se ele não retirar, nós vamos organizar
a maior greve-geral que este país já viu.”
Mobilização
Mais uma vez, a Paulista foi tomada pelos movimentos
sindical e social. Porém, desta vez, tinha cores e contornos diferentes. As
organizações de esquerda ganharam a companhia de quem não milita em nenhuma
frente, mas perdeu a paciência com a sequência de ataques aos direitos da
classe trabalhadora.
A pá de cal, sem dúvida, foi a tentativa de impor a reforma
da Previdência, que unificou a insatisfação popular com Temer. A professora
Márcia Soares simbolizava a revolta daqueles que não estão habituados a
manifestações, mas que viram nas medidas totalitárias do governo federal
ilegítimo um motivo para ir às ruas.
"Sou mulher, negra, professora e mãe. Estou na luta e acho
super importante essa luta contra a Reforma Previdenciária porque ela atinge
todos os brasileiros. Estou na luta hoje porque tenho uma filha especial,
cadeirante, que é mulher e vai precisar desse benefício no futuro. Mas essa
luta não só minha, ela é de todos os brasileiros”, afirmou Márcia.
Na memória popular, está a imagem do "pato amarelo” da
Fiesp, uma das principais financiadoras do golpe político que retirou do poder
a presidenta eleita do Brasil, Dilma Rousseff, e que deu início ao processo de
tentativa de retirada dos direitos da classe trabalhadora. Ao passar na frente
da sede da entidade patronal, os manifestantes ironizavam gritando "cadê o
pato?”
A preocupação com o futuro da família fez com que o
aposentado Carlos Rocha, 71 anos, também fosse à Paulista protestar. "Apesar de
já receber o benefício, tenho duas filhas em casa, uma professora e outra
enfermeira, que talvez não consigam se aposentar. Nós temos que tirar esse
homem (Temer) de lá”, disse.
*CUT |