São Paulo foi o estado onde
ocorreram mais cortes (menos 4.688 postos, 46,8% do total de postos
fechados), seguido pelo Rio de Janeiro, que fechou 1.595 postos (16,0%),
o Paraná, com 715 postos extintos (7,1%) e Minas Gerais (menos 625
postos ou 6,2% do total). Apenas três estados registraram saldo positivo
no emprego bancário, com destaque para o Pará, com 104 postos abertos.
Segundo o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, os bancos
estão efetivamente trocando seus empregados que tem mais tempo de casa,
os mais velhos, por jovens que têm mais familiaridade com os avanços da
tecnologia. "Deixaram de investir na formação das pessoas e preferem
buscar no mercado quem já venha atualizado para o emprego. Ao mesmo
tempo reduzem despesas, pois os mais velhos acumulam maiores salários, e
se preparam para as profundas transformações que o sistema financeiro
está vivendo. Estamos no limiar de um novo banco. Mais digital e mais
desumano. Não acredito que seja isso que os bancos prometem aos
empregados quando estes iniciam suas carreiras. Isto não é correto”,
constatou.
De acordo com o dirigente, o movimento sindical não é contra a
tecnologia, ao contrário. "É contra os abusos e a exclusão que o mal uso
da tecnologia pode trazer para os trabalhadores. Por essa razão na
Convenção Coletiva de Trabalho 2016/2018 conquistamos a cláusula 62 que
cria um grupo de trabalho bipartite para discussão de critérios para a
constituição de centros de requalificação e de realocação de empregados,
com o objetivo proteger trabalhadores ameaçados pelas rápidas mudanças
no nosso mundo do trabalho”, ressaltou Roberto.
A análise por Setor de Atividade Econômica revela que os Bancos
Múltiplos com Carteira Comercial, categoria que engloba grandes
instituições como Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander
fecharam 7.302 postos de trabalho (78,9% do total de postos fechados). A
Caixa Econômica Federal foi responsável pelo corte de 1.992 postos de
trabalho (21,5%).
Motivos dos Desligamentos
Do total dos desligamentos ocorridos nos bancos, 62% foram sem justa
causa, totalizando 16.966 desligamentos. Os desligamentos a pedido do
trabalhador representaram 28% do total e totalizaram 7.719.
Desigualdade entre homens e mulheres
No momento do desligamento observou-se, praticamente, a mesma
diferença na remuneração entre homens e mulheres. As mulheres que
tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos no período recebiam R$
5.360,73, o que representou 71,6% da remuneração média dos homens
desligados dos bancos, que foi de R$ 7.483,89.
As 8.699 mulheres admitidas nos bancos nos primeiros 10 meses de 2016
receberam, em média, R$ 3.123,68. Esse valor correspondeu a 71,5% da
remuneração média auferida pelos 8.717 homens contratados no mesmo
período, que foi de R$ 4.370,31.
Faixa Etária
Os desligamentos se concentraram nas faixas etárias superiores a 25
anos e, especialmente, na de 50 a 64 anos, que registrou um corte de
6.071 postos de trabalho (61% do total de postos fechados).
Tempo no Emprego
Observa-se que o corte dos postos nos bancos se deu principalmente
entre aqueles com maior tempo de casa, sendo compatível com o fato de
serem os trabalhadores mais velhos. Entre os 27.425 desligados, a maior
parte tinha 10 ou mais anos no emprego (9.379 cortes que correspondem a
34,2% do total). Outros 6.048 tinham entre 5 e 10 anos no emprego
(22,1%).
Confira aqui os gráficos e tabelas da pesquisa.
*Contraf-CUT e Dieese