A PEC 55 foi aprovada na Câmara dos Deputados como PEC 241 e agora
será votada em dois turnos no Senado. O segundo turno já está agendado
para o dia 13 de dezembro.
A paralisação representa a adesão ao movimento nacional convocado
pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores de Universidades
Brasileiras (Fasubra) em 24 de outubro.
O movimento também envolve os servidores da Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFSCPA) e do Instituto Federal de
Ciência e Tecnologia do RS (IFRS).
Nesta terça, a Assufrgs, que representa os trabalhadores das três
instituições, realiza uma assembleia geral para definir os rumos da
greve, mas a expectativa é que a paralisação se mantenha enquanto a PEC
55 estiver tramitando no Senado.
A votação da matéria ainda não tem data marcada, mas deve ocorrer em dezembro.
Os trabalhadores representados pela Assufrgs somam mais de 3 mil
pessoas, incluindo técnicos de laboratórios, funcionários de secretários
de curso, de bibliotecas, de restaurantes universitários, das comissões
de graduação, das pró-reitorias, entre outros.
De acordo com Charles Almeida, do Comando de Greve da Assufrgs, a
greve tem por objetivo "construir um movimento de resistência a todas as
reformas que o governo está propondo que retiram direitos de
trabalhadores do serviço público e da iniciativa privada”.
"É um movimento político que visa barrar a votação da PEC 55 no
Senado. Nesse sentido, é o mesmo movimento dos estudantes que estão nas
ocupações”, afirma. Como alternativa à PEC, a Assufrgs propõe que o governo federal
estabeleça um teto dos gastos com o pagamento de juros e amortização da
dívida. "A PECÂ existe justamente para congelar os gastos com serviço
público e manter os gastos com juros e amortização da dívida. Nos
achamos que o andar de cima deve pagar a conta”, avalia Almeida.
Na última sexta-feira, a reitoria da UFRGS divulgou um documento que
aponta que, se a PEC estivesse em vigor entre 2006 e 2015, as despesas
com custeio e investimento da universidade seriam de R$ 75 milhões, e
não de R$ 190 milhões como foram nesse ano.
"Todo o acréscimo em número de vagas que a UFRGS ofereceu nos últimos
anos estaria inviável. Toda a pesquisa e desenvolvimento tecnológico
seria inviável. Como tu vai fazer isso sem ter equipamentos de última
geração, sem pagamento de bolsas para pesquisadores?”, pondera Almeida.
"O impacto da PEC será em todas as áreas. Tanto no ensino, quanto na
pesquisa, na extensão, no serviço de saúde que a universidade acaba
prestando. Tudo isso fica comprometido”, complementa.
Além disso, os técnicos temem que, com a aprovação da PEC, passem a
sequer ter os salários reajustados com relação a inflação, ou até
congelados, e que as promoções e progressões na carreira sejam afetadas.
"Como ela limita o gasto de um ano para outro, a concessão de
promoção e incentivos pode sofrer um impacto, como acontece no Estado do
RS, onde os professores não conseguem progredir na carreira porque o
Estado diz que não tem dinheiro para pagar. Sem falar que o reajuste
salarial fica praticamente inviável”, afirma Almeida.
A Assufrgs ainda não tem levantamento sobre a participação da
categoria na greve, mas Almeida diz que "com certeza a maioria dos
técnicos está no movimento”. A entidade também está convocando a adesão
ao Dia Nacional de Greve chamado pelas centrais sindicais para o próximo
dia 11. *Sul21 |