"As conquistas históricas dos empregados da Caixa foram
construídas na mobilização e na discussão com os empregados. O banco tem de
acabar com essa intransigência e negociar seriamente as questões que são de
interesses dos trabalhadores”, alertou Dionísio Reis, coordenador da CEE/Caixa
e diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. O representante dos empegados gaúchos na negociação, Gilmar Aguirre, também criticou a falta de disposição da empresa para avançar no processo de negociação. "A rodada de hoje foi problemática e indica uma campanha salarial truncada. Nossas reivindicações são coerentes e não podem ser desconsideradas pela Caixa. Esperamos uma postura diferente na próxima rodada, pois a inércia da negociação não condiz com as possibilidades da empresa", avalia. Temas em pauta
O primeiro ponto em debate foi saúde do trabalhador e condições de trabalho. Os
bancários reivindicam o custeio integral pela Caixa do tratamento das doenças
do trabalho, inclusive para os empregados aposentados por invalidez por
acidente de trabalho, incluindo terapias alternativas, medicamentos,
tratamentos psicológicos e psiquiátricos em situação de assédio moral e outros
tipos de violência organizacional, e traumas pós-assalto/ sequestro, extensivo
aos dependentes, incluindo deslocamento. Além da realização de pesquisa e
mapeamento do perfil do bancário da Caixa, criação de uma política de saúde
mental e abertura obrigatória de CAT em caso de assalto e combate ao assédio
moral e todas as formas de violência organizacional.
A Caixa disse que já custeia o tratamento, admitiu que desrespeita a norma das
CATs, por não emiti-las no período de 24 horas e sim só depois de avaliado por
médico ou psicólogo e negou a criação de política de saúde mental com
participação dos trabalhadores. O banco ainda afirmou que faz o combate ao
assédio moral.
Os dirigentes sindicais então lembraram do caso da Centralizadora Nacional de
Habitação (Cehag), onde os empregados continuam sofrendo assédio. Para piorar,
a "remodelagem” – nome dado pela empresa – começou no dia 12 de agosto no
local, que conta com 125 empregados, dos quais 37 foram realocados. Os
trabalhadores tiveram redução salarial sem as garantias de reestruturação.
GDP
O fim do programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) foi outro destaque
deste encontro. A categoria pede o fim do GDP com revogação de todos os efeitos
das ondas anteriores e fim da imposição das metas, com adoção dos parâmetros
definidos.
A Caixa afirmou que o programa é voltado apenas a cargos de gerência, com o
objetivo de desenvolvimento e planejamento de carreiras. Afirmou ainda o
programa vai continuar apenas com público atual no próximo ciclo (6 meses).
Saúde Caixa
Pelo segundo ano consecutivo, a Caixa descumpre a utilização do superávit anual
para melhorias no plano, que está previsto em no acordo aditivo à Convenção
Coletiva de Trabalho. "A afirmação da bancada patronal de que ainda não foi
aprovado pelo Conselho Diretor e por é uma provocação ao movimento sindical,
que discute o tema há anos no GT de Saúde”, lamentou o coordenador da
CEE/Caixa.
O banco também não deu retorno quanto às reivindicações de segregação
operacional contábil e financeira dos recursos do banco, com a criação de um
fundo que os remunere, com auditagem externa, por empresa avalizada pelos
conselheiros de usuários eleitos e pela CEE/ Caixa e a transformação do caráter
do conselho de usuários em deliberativo.
Funcef
A categoria reivindica a quitação do contencioso da Caixa com a Funcef,
relacionadas às ações que tenham origem em descumprimento de direitos
trabalhistas, bem como ao aporte de recursos referentes ao serviço passado em
condenações e a manutenção do Fundo para Revisão de Benefícios, artigo 115 do
regulamento do REG/ Replan saldado e artigo 91 do novo Plano, como instrumento
permanente da política de aumentos reais para os benefícios.
"A Caixa tinha um compromisso, desde o ano passado, de montar um grupo tripartite
junto com a Funcef e não viabilizou. É mais um desrespeito ao acordo coletivo”,
lembrou Dionísio.
Aposentados
Para os aposentados, a categoria pede a criação de programa de renegociação de
dívidas pela Caixa que permita a junção de valores devidos à Caixa e à Funcef,
em até 120 meses com a menor taxa de juros praticadas pela Caixa. Além da
criação de GT para análise de processos judiciais propostos por empregados,
aposentados e pensionistas, com objetos idênticos e reiteradas decisões
jurídicas favoráveis aos autores, de modo a encerrar.
O banco informou apenas que oferece programação de educação financeira e
condições especiais para linha de crédito com as menores taxas.
Infraestrutura das unidades
Outra reivindicação é a alteração do RH184, com a extinção do caixa-minuto,
avaliador-minuto e tesoureiro-minuto. O banco confirma a extinção da função de
caixa, retirado do Plano de Funções Gratificadas (PFG).
Os bancários apresentaram ainda o desejo da garantia de participação dos
empregados nas unidades de estrutura física e de pessoal. Mais uma vez a Caixa
deu um retorno evasivo, ao dizer que faz estudos sobre a questão, sem citar a
participação dos trabalhadores.
Segurança bancária
Os representantes dos empregados reivindicam que a Caixa assuma a
responsabilidade pelas perdas e danos decorrentes de problemas de segurança,
incluindo a não responsabilização civil dos empregados em caso de fraudes ou
golpes de terceiros contra a empresa. Também aperfeiçoamento da crítica nos
sistemas e aplicativos, impedindo operações em desacordo com os manuais
normativos, os protegendo em casos de fraude.
A Caixa relembrou que tem um processo de apuração interno. Os bancários
lembraram então que com a mudança no regulamento, há dois anos, existe a
possibilidade de demissão do empregado antes que seja apreciado o seu returno
de última instância e isso tem de ser alterado.
Terceirização
Os empregados reivindicaram o fim da terceirização na Caixa. O banco respondeu
que respeita uma TAC. Então, os representantes dos trabalhadores lembraram que
a Caixa sofreu investigação do Ministério Público de Minas pela terceirização
da atividade fim.
Caixa 100% pública
Quanto ao não fatiamento da Caixa e a manutenção de todas as participações
acionárias que a empresa detém atualmente, a bancada da empresa se mostrou
favorável a essa reivindicação.
A Caixa não apresentou nada em relação ao fim das horas
extras negativas. Sobre a realização da Universidade Caixa, a orientação da
bancada da empresa é de que a negociação seja feita com cada gestor.
Outa novidade na negociação desta quarta-feira é que está garantida da função
do supervisor de retaguarda na Girets e centralizadoras e a possibilidade de
incorporação da função.
Organização do movimento
O último ponto foi que a liberação dos delegados sindicais e representantes de
entidades sindicais e associativas para participarem de reuniões, cursos,
seminários, congressos e plenárias onde seja necessária à sua presença, seja
feita de forma centralizada pelo banco.
A Caixa afirmou que deve continuar como está e que os sindicatos que tiverem
problema devem procurar a Gerencia Nacional de Negociação e Relacionamentos com
os Empregados (Gener).
Ao final da reunião, a Caixa indicou que um novo encontro deve acontecer na
próxima semana. *Fenae com edição da Fetrafi-RS |