Rosseto iniciou suas
explanações elogiando o papel do senador Roberto Requião, que na sua opinião, é
um grande líder de agendas democráticas e populares pelo Brasil. "Especialmente
nesse momento, o senador tem liderado o movimento de resistência democrática a
esta tentativa de golpe contra a Dilma e o povo brasileiro”, destacou.
Para o ex-ministro, quando
diversas categorias, uma parcela da sociedade brasileira e movimento sindical
discutem suas estratégias para defesa do emprego, qualidade de vida e
estratégias salariais, isto faz parte de uma agenda maior. "Compreender essa
agenda e o que ela tem a ver com a vida dos trabalhadores é decisivo para as
lideranças pensarem no cenário do futuro. O cenário brasileiro está em disputa
nesse momento e trará ou não uma mudança brutal nas relações de trabalho e no
projeto de país com o qual todos nós teremos que conviver no próximo período”.
De acordo com Miguel
Rosseto, para pensar as relações de trabalho, as relações sindicais e as
relações de negociação é imprescindível identificar o que irá determinar essa
correlação de forças no futuro. "As agendas do Brasil estão colocadas em
intensas disputas e estão claramente orientadas por aqueles que buscam romper a
democracia do país, produzindo um golpe de Estado”.
Defesa dos direitos
O ex-ministro denunciou as
articulações para entrega das riquezas do país ao capital estrangeiro, a
exemplo da venda de parte da exploração do Pré-Sal e os ataques aos direitos
trabalhistas e previdenciários. "Quando se fala em reforma da Previdência o que
se busca na verdade é um reforma fiscal, para reduzir os gastos sociais de toda
natureza. Quando falam no negociado sobre o legislado, estão falando em rasgar
a legislação trabalhista e a CLT, através da eliminação de um conjunto de
direitos, que historicamente estabelecem a base para as relações de trabalho e
buscam um equilíbrio para os processos de negociação. Isso significa quebrar
uma condição de mesa para negociação”, explica.
Segundo o painelista, a
supressão de gastos sociais que representam uma importante parcela na
redistribuição de renda no país é inadmissível e injusta. "Nós ainda mantemos
uma estrutura tributária perversa, regressiva, na qual a tributação sobre o
patrimônio é extremamente pequena. É inaceitável que num país como o nosso, o
salário é tributado e o patrimônio que se transforma em renda não tenha
tributação. Com isso, quem tem ganhos na bolsa de valores não é tributado.
Talvez ainda mais injusta seja a forma como esta renda tributada é apropriada:
os rentistas do sistema financeiro se apropriam de boa parte destes recursos e são
exatamente aqueles que menos contribuem”, salienta.
Para onde foi e para onde vai
a renda
Rosseto destacou que nos
últimos anos, parte da renda brasileira foi destinada ao povo através de programas
sociais como o Minha Casa Minha Vida, à expansão da educação pública e vários
outros programas sociais. "Esta política de limitar os gastos públicos é uma
coisa impressionante. Temos um governo não eleito pelo povo, que busca ocupar o
cargo de poder sem a legitimidade popular e apresenta um projeto de país que
retira poder dos próximos cinco presidentes. Os golpistas querem estabelecer na
constituição que o limite de gastos públicos nunca seja superior à inflação,
pelos próximos vinte anos. Com isso, a possível riqueza gerada pelo Brasil não
será distribuída para quem mais precisa, que são os pobres”, avalia.
Para o painelista, o momento
é de resistência diante da dramaticidade política brasileira. "Com a investida
desse programa conservador e reacionário, todos nós temos que ficar atentos à
agenda que busca reduzir a renda do trabalho através da precarização, da
terceirização, da aprovação do negociado sobre o legislado e do fim da política
de valorização do salário mínimo. A nós interessa a democracia, porque é na
democracia conquistada que nós escrevemos os nossos direitos”.
Convocação
O ex-ministro chama uma
grande manifestação popular de apoio à presidente afastada no dia 29 de agosto.
"Neste dia a presidente Dilma vai ao Senado para falar aos senadores e ao povo
brasileiro. Ela fará isso para defender a democracia, a Constituição e um
programa fundamental de desenvolvimento para o país. Convido todos a acompanhar
este debate forte, histórico e decisivo e ao mesmo tempo”.
Posição de vanguarda
De acordo com Rosseto, o
movimento sindical tem a grande responsabilidade de contribuir com o seu
trabalho e a sua liderança para organização da resistência popular, em defesa
da democracia e das instituições públicas. "O Banrisul é um grande exemplo de
defesa do patrimônio público. Se o banco existe até hoje é porque vocês lutaram
para preservar a instituição forte, construindo uma relação de resistência,
baseada no diálogo com a sociedade gaúcha, que impediu que os privatistas
liquidassem o banco”, lembrou o ex-ministro. *Comunicação/Fetrafi-RS Foto: Nicholas Aguirre |