Direitos Humanos | 23/11/2015 | 13:11:38
Justiça incrimina segurança de condomínio pelo assassinato de filho de banrisulenses
Família conquistou a reabertura do caso após dois anos
 
 

Após mais de dois anos do crime, a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público contra o segurança de um condomínio de luxo na Zona Sul de Porto Alegre, que por motivo fútil e preconceito racial assassinou o jovem Eduardo Vinícius Fösch dos Santos, de 17 anos, que participava de uma festa no local. A denúncia do MP foi recebida pela 2ª Vara do Júri da Capital na quinta-feira, 19/11.


O crime ocorreu no dia 28 de abril de 2013. O jovem foi encontrado agonizando por uma vizinha da casa onde acontecia a festa, ao chegar em sua residência por volta das 23h e chamou o socorro. Mesmo assim, o estudante negro terminou morrendo no dia 6 de maio daquele ano, em consequência dos ferimentos. Eduardo teve diversas lesões pelo corpo, inclusive traumatismo craniano, o que lhe causou a morte.

"Acidente”

Originalmente, a Polícia havia encerrado o caso, concluindo por acidente. Mas os pais da vítima (que são bancários do Banrisul) jamais aceitaram a explicação conveniente e apelaram ao MP para reabrir a investigação. Os parentes e amigos de Eduardo Fösch dos Santos realizaram vários atos de protesto, exigindo nova investigação. Um ano depois do assassinato, o caso foi reaberto.

Segurança assassino

Agora, foi indicado por homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e com recurso que impossibilitou a defesa da vítima) o segurança Isaías de Miranda. Conforme o MP, também foi denunciado o policial civil e supervisor de segurança do condomínio, Luis Fernando Souza de Souza,

Policial fraudador

Após o crime, o policial havia determinado a limpeza do local em que a vítima foi encontrada, além de apagar as gravações das câmeras de monitoramento, não permitindo que todas as imagens permanecessem armazenadas. Também deixou de acionar a Polícia Civil para a perícia, não providenciou a preservação e isolamento do local. Segundo o MP, asmedidas foram adotadas para tentar acobertar o seu subordinado e manter o seu próprio emprego de supervisor de segurança no condomínio. Assim, o mau policial foi denunciado por fraude processual.

Leia aqui o depoimento ao SindBancários de Jussara Fösch e Júlio Cesar Rodrigues dos Santos, pais do menino assassinado):

"Vencemos uma batalha, precisamos vencer a guerra.
Não queremos vingança, queremos justiça. Buscamos evitar que novas mortes venham a ocorrer e, que se repita com outras famílias o sofrimento que nos foi imposto.
Queremos saber a verdade, a real história, como e por quê nosso amado filho foi levado à morte?
Há, ainda, um longo caminho a percorrer, para haver justiça os culpados precisam ser julgados e condenados.
Estes, também são desejos de muitos amigos que têm se manifestado e nos apoiado, nos transmitindo muito amor e demonstrando sua amizade pelo Dudu.
Nós vamos lutar até que os assassinos estejam presos, cumprindo pena por homicídio.
Nossa luta continua por amor ao nosso filho, nosso negrão, nosso Eduardo.”

* Imprensa/SindBancários com foto de Ramiro Furquim e informações do site Sul21