Bancos | 04/11/2020 | 18:11:00
Banco do Brasil amplia horário de atendimento até 15h
Alteração no horário de atendimento aumenta sobrecarga dos funcionários e foi realizada sem qualquer comunicado prévio à representação dos trabalhadores
 
 
O Banco do Brasil enviou, na semana passada, um comunicado às unidades que realizam atendimento presencial aos clientes (agências e Postos de atendimento – PAAs) informando a ampliação do horário, a partir desta terça-feira (3), para até às 15h. Desde março, quando foi decretada a pandemia no Brasil, a pedido do movimento sindical, os bancos tinham reduzido o horário para até 14h. Antes da pandemia o atendimento ocorria até 16h.
"A redução do horário de atendimento tinha a função de diminuir a lotação dos transportes públicos nos horários de pico e a exposição dos funcionários ao risco de contágio. Estamos vendo um novo aumento dos casos de Covid-19, por isso, acreditamos que haveria a necessidade de manter a redução do horário por mais algum tempo”, defendeu a secretária de Juventude e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com o BB, Fernanda Lopes. "Além disso, a ampliação do horário de atendimento pode aumentar, ainda mais, a sobrecarga sobre os funcionários que estão na linha de frente”, completou.

A diretora da Fetrafi-RS Cristiana Garbinatto, destaca que não só a sobrecarga aumentará, como a exigência pelo cumprimento de metas e a exposição à Covid-19 também, o que já vem ocorrendo em diversas unidades, conforme relatos de colegas do Banco do Brasil. Uma postagem da diretora em um grupo dos Funcis do BB no Facebook, onde ela apresenta uma dessas denúncias, gerou uma série de comentários sobre a situação.

 "Tá muito difícil mesmo, só quem está na agência com redução absurda de funcionários desde março sabe disso...”, disse uma funcionária. "Estamos trabalhando com 50% do quadro assim como está acontecendo em vários locais”, completou outro colega.

E os relatos não param por aí. "Anotação na GDP virou ferramenta de Assédio Moral”, escreveu uma terceira pessoa. "Tá pesado demais. Estamos apenas com três escriturários e cada dia nossa agência aumenta a demanda...”, relatou mais uma. "Fiquei afastada por coabitação, férias só em 2022. Retornei em junho e esses 5 meses já foram o suficiente para me esgotar física e mentalmente”, foi mais um dos relatos.

Cristiana Garbinatto reforça a importância não só das manifestações em redes sociais, mas da denúncia dos casos de sobrecarga, assédio moral e cobrança abusiva por metas, entre outros casos, aos sindicatos dos bancários. "Os relatos são inúmeros, o banco vem desrespeitando seus funcionários em todos os estados”, destaca.

Falha na comunicação

A dirigente da Contraf-CUT também critica a falta de comunicação prévia ao movimento sindical. "Temos um comitê que debate as questões relacionadas à Covid-19. E, mesmo que não existisse este comitê, temos uma mesa permanente de negociações. Não haveria qualquer problema, ou atraso em comunicar-nos, antecipadamente, tal decisão”, disse. Para ela, ao não passar a informação com antecedência à representação dos funcionários, o banco prejudica sua própria comunicação. "Funcionários entram em contato conosco perguntando sobre a medida e não temos como informá-los corretamente”, completou.

Segundo o comunicado do banco, a ampliação do horário foi uma deliberação tomada em reunião com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Mas, Fernanda diz que o BB omitiu que a decisão foi de que os bancos teriam a opção de aumentar ou não o horário de atendimento.

Quem é atingido

O BB informou em seu comunicado que as agências e PAAs ficarão abertas ao público das 9h às 15h (horário de Brasília – DF), sendo das 9h às 10h para atendimento exclusivo para idosos, gestantes, pessoas portadoras de deficiência e pagamento de benefícios do INSS. Nas agências do Distrito Federal o atendimento será das 11h às 16h (horário de Brasília – DF).

Os novos horários não se aplicam aos "Escritórios de Negócios” do BB, uma vez que estes não realizam atendimento presencial. Também não afetam as unidades localizadas em shoppings, órgãos públicos, aeroportos ou universidades, que deverão obedecer ao horário do estabelecimento, com o atendimento mínimo de cinco horas.

O banco informou, ainda, que, para evitar sanções dos órgãos reguladores, todas as unidades devem estar em conformidade com a Portaria de Aprovação do Plano de Segurança, incluindo, dentre os demais requisitos, o quadro completo de vigilância durante todo o horário de atendimento ao público.
 
*Com informações da Contraf-CUT