Ataques a bancos | 04/07/2019 | 15:07:55
Banrisulenses discutem calendário de lutas em defesa do banco público
Ameaça de privatização preocupa parlamentares, sindicalistas e funcionários do Banrisul
 
 
Preocupados com os rumos privatistas que o estado vem tomando, banrisulenses se reuniram nesta quarta-feira, 3 de julho, em plenária da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público, na sede do SindBancários de Porto Alegre. A Fetrafi-RS estava representada por grande parte da sua diretoria: Carlos Augusto Rocha e Denise Falkenberg Corrêa, funcionários do Banrisul; Cristiana Garbinatto (Banco do Brasil) e Luis Carlos Barbosa (Santander). 
Como encaminhamento, a plenária decidiu criar e divulgar um calendário de lutas em defesa do banco público, com campanhas de esclarecimento à população e aos funcionários do próprio Banrisul. A próxima data de mobilização será o dia 6 de julho, quando ocorrerá a reunião estadual dos banrisulenses, paralelamente à Conferência Estadual dos Bancários e das Bancárias. 

O deputado Zé Nunes, coordenador da Frente, abriu a reunião contextualizado o período de luta em defesa do Banrisul desde que foi proposto o "ajuste fiscal” aos estados, ainda durante os governos Temer e Sartori. O acordo exige a venda de estatais para a quitação das dívidas com a União. Na época, a Frente desempenhou um importante papel impedindo que o banco fosse vendido.

O desafio se coloca novamente, segundo o deputado, por conta do perfil neoliberal do governador Eduardo Leite, que conseguiu aprovar na Assembleia Legislativa, durante a madrugada de terça para quarta-feira, a venda da CRM, da CEEE e da Sulgás. O placar da votação foi amplamente favorável ao governo: 40 votos favoráveis e apenas 14 contrários. "E o Banrisul, é claro, é a cereja do bolo. O governo está preparando o caminho para a privatização do banco”, completou Zé Nunes.

A diretora de política sindical da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Corrêa, acompanhou a votação na Assembleia Legislativa e disse que é preciso alertar a sociedade e os funcionários do banco sobre os riscos da privatização. "Precisamos defender o patrimônio público e nossos empregos”, ressaltou.

O presidente do SindBancários Porto Alegre e Região, Everton Gimenis, lembrou o caso do Meridional, no qual cerca de 10 mil bancários ficaram desempregados após a compra do banco pelo Santander. "Mas o impacto no Banrisul será ainda maior, pois é o único que tem agências em todo o estado”, destacou.

Imagem abalada

Os altos salários oferecidos à nova diretoria do Banrisul, amplamente noticiados na mídia e que chegam a um reajuste de aproximadamente 70%, abalaram a imagem do banco e dos seus funcionários, acredita Carlos Augusto Rocha. "Precisamos esclarecer a população. As pessoas devem saber quanto ganha um funcionário do Banrisul, que não recebemos todo esse reajuste oferecido à diretoria”, afirmou.

De fato, para pagar o presidente Cláudio Coutinho e seus diretores, os funcionários do banco tiveram suas metas ampliadas, de acordo com a diretora eleita da Fetrafi-RS para o próximo ano, Ana Maria Betim, do Sindicato dos Bancários do Vale do Paranhana. "O Banrisul tem um ótimo atendimento e um conceito muito bom, principalmente no interior. Mas as metas triplicaram e nossos colegas estão trabalhando cada vez mais”, frisou.

O calendário de mobilização dos banrisulenses inclui, além da reunião estadual, o Encontro Nacional dos Banrisulenses marcado para o dia 24 de agosto na sede da Fetrafi-RS e o aniversário de 91 anos do Banrisul, no dia 12 de setembro.