Os representantes dos empregados registraram um protesto
contundente contra o desmonte da Caixa e contra a tentativa de privatizar a
gestão do banco por meio de uma maior autonomia do Conselho de Administração em
relação ao governo federal. Esse protesto se estendeu ainda para a nova mudança
no Estatuto do banco, que, caso seja aprovada, atingirá diretamente as
carreiras dos empregados e ameaçará a função pública e social da instituição.
No início da reunião, para marcar o Dia Nacional de Luta em
Defesa do Saúde Caixa, realizado nesta quinta-feira (24), os representantes dos
empregados exibiram cartazes com os dizeres "Saúde Caixa: eu defendo”. O
objetivo desse ato foi repudiar as medidas do ilegítimo governo Michel Temer
que ameaçam o plano de saúde dos trabalhadores do banco, cujo modelo de custeio
vem se mostrando plenamente sustentável.
Na ocasião, a Contraf/CUT – CEE/Caixa entregou à direção do
banco um abaixo-assinado em defesa do Saúde Caixa, com mais de 26 mil
assinaturas colhidas em todo o país. Também foi lido um manifesto no qual a
representação nacional dos empregados deixa claro que não irá permitir a
extinção do Saúde Caixa. O texto contesta ainda a atual gestão da Caixa, "que
vem sucateando nosso plano de saúde e precarizando a estrutura de atendimento
aos usuários”.
O manifesto em defesa do Saúde Caixa denuncia ainda que "as
resoluções publicadas pelo governo e a recente alteração no Estatuto do banco
propõem um limite correspondente a 6,5% da folha de pagamento para a
participação da Caixa nessas despesas, à revelia do que prevê o Acordo Coletivo
de Trabalho 2016/2018, em vigor até 31 de agosto”.
"O clima é de indignação entre os empregados do banco, que
sofrem com a sobrecarga de trabalho por conta da falta de contratações e do
assédio moral, entre outros problemas, e veem ameaçado um direito conquistado
com muita luta. Não vamos permitir retrocessos ”, destaca o coordenador da
Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), Dionísio Reis, que também é
diretor da Região Sudeste da Fenae. Ele lembrou ainda que os empregados não
ficarão parados enquanto o governo busca desmontar o banco e nosso plano de
saúde, envolvendo nessa mobilização setores de toda a sociedade.
Avaliadores de penhor
Na mesa de negociação, e diante da insistência da Caixa na
retirada do adicional de insalubridade dos avaliadores de penhor, a representação
dos empregados apresentou ao banco a Pesquisa sobre Condições de Trabalho e de
Saúde dos Avaliadores de Penhor, elaborada com base em questionários
respondidos por trabalhadores de todo o país.
O relatório alerta que a prática do dia a dia dos avaliadores
de penhor, operando caixa, atendendo clientes e realizando outras tarefas,
limita ou impede o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPIs),
considerado ineficaz para proteger contra substâncias ácidas. O documento traz
ainda relatos sobre equipamentos coletivos e outras evidências que demonstram a
persistência de ambientes nocivos e insalubres.
Com base nessa investigação, a conclusão é a de que as
condições justificam a necessidade de classificação desses agravos, com
definição de uma política específica para o setor e pagamento do adicional de
insalubridade.
O debate sobre a situação dos avaliadores de penhor contou
ainda com a participação de um diretor da Associação Nacional dos Avaliadores
de Penhor (Anacef), para quem fica confirmada que os empregados de penhor da
Caixa trabalham em ambiente insalubre, devendo, portanto, continuarem recebendo
adicional pela atividade.
Foi reforçada, na ocasião, a urgência de medidas que
garantam um ambiente salubre nas unidades de penhor. "A Caixa deveria
preocupar-se em melhorar as condições de trabalho dos avaliadores e não em
economizar, suspendendo o pagamento do adicional de insalubridade. Contestamos
a decisão da direção do banco de retirar esse direito, baseada em parâmetros
tecnicistas, desvinculados do que os avaliadores sentem em seu cotidiano”,
afirma o coordenador da CEE/Caixa.
Condições de trabalho
Em relação ao aumento do adoecimento dos empregados da
Caixa, decorrente das péssimas condições de trabalho, a representação dos
empregados voltou a cobrar da direção do banco a instalação do Fórum Nacional
de Condições de Trabalho e fóruns regionais, com a gestão da Gipes (Gestão de
Pessoas) e apoio das Repes (Representação de Pessoas).
Diante dessa reivindicação, a Caixa propôs um indicativo de
data (semana de 11 a 15 de junho) para realizar uma reunião do fórum nacional
paritário. A representação nacional dos empregados deixou claro que a redução
gradativa da Caixa, passando de 101.000 trabalhadores em 2014 para 86.373 em
2018, sendo que no último PDE saíram 1.307, provocou uma piora ainda maior das
condições de trabalho.
Não obstante esse desmonte, o banco tem utilizado novos
métodos de gestão que pioram ainda mais as condições de trabalho e dão margem
ao assédio moral. Em virtude disso, o número de adoecimento de empregados tem
crescido a cada dia.
Diante dessas evidências, a representação dos trabalhadores
disse ser importante executar as reuniões do Fórum Nacional de Condições de
Trabalho, com igual procedimento para os fóruns regionais.
Contencioso na Funcef
Mais uma vez a representação dos empregados cobrou a
formação de Grupo de Trabalho para debater soluções para o contencioso da
Funcef, uma vez que é uma dívida decorrente do passivo trabalhista da Caixa,
fortemente impactada pelas péssimas condições de trabalho no banco.
Foi denunciado que o tema tem sido discutido no âmbito do
jurídico do banco, com os trabalhadores sendo alijados desse debate, situação
que foi alvo de forte protesto por parte das entidades representativas. O mesmo
está acontecendo em relação ao novo Estatuto, o que é injustificável, dado que
os empregados são justamente os principais interessados na solução do problema,
cuja responsabilidade é exclusiva do banco.
PCDs
Desde sempre, a representação dos empregados tem-se
mobilizado na busca por valorização da pessoa com deficiência no quadro do
pessoal da Caixa. Nesse sentido, o esforço é feito para que haja o cumprimento
da legislação, a exemplo da lei 8.213/91, que prevê que empresas com mais de
1.000 empregados tenham 5% dos cargos ocupados por pessoas com deficiência ou
reabilitadas.
Na mesa de negociação, o banco comunicou não ter ainda uma
solução para essa demanda. A justificativa para esse procedimento foi o cenário
de ajuste fiscal adotado no país pelo ilegítimo governo Michel Temer, que prevê
restrição de contratação de mais empregados. A esse respeito, a Contraf/CUT –
CEE/Caixa considerou inadmissível mais essa intransigência da Caixa, que
simplesmente ignora a legislação sobre o tema.
Verticalização
A Caixa apresentou o número de gerentes PJ que perderam a
função. Informou que eram 2.300 antes desse processo ser implantado, chegando
atualmente ao patamar de 1.964. O número de agências que perderam funções PJ
foi de 194, de um total de 3.600 unidades. É de 827 o quantitativo dos atuais
GAN (Gerente de Atendimento de Negócios) que trabalham com PJ. Existem ainda 130
funções de gerentes de atendimento para serem preenchidas.
Os dirigentes sindicais denunciaram ainda que a retirada de
função dos gerentes PJ é um ataque à carreira dos empregados. Outra grave
ameaça recai sobre as funções dos gerentes PF, que tiveram redução no número de
carteiras, havendo em consequência um aumento da insegurança dos
trabalhadores.
Foi informado pela Caixa que atualmente há 6.061 gerentes
PF, existindo apenas 5.969 vagas.
Caixa 100% pública
Sobre a defesa da Caixa 100% pública, a representação dos
empregados questionou a direção do banco sobre o suposto leilão da Lotex. A
informação dada pelos representantes do banco é de que a Caixa decidiu não
participar do leilão, devido a restrições estabelecidas no edital.
Mais uma vez a representação nacional dos empregados
colocou-se contrária a esse processo, uma vez que o leilão abrange uma das
partes mais rentáveis da loteria, cujo os rendimentos vão para a questão
social.
Remodelagem/Reestruturação
A Caixa informou que, atualmente, existem 86.373 empregados
em todo o país, alegando ainda que o processo de acomodação das unidades é um
dos objetivos da nova reestruturação, chamada de Programa Eficiência, que mira
na redução de despesas em R$ 2,5 bilhões até 2019.
Foi dito ainda que a visão de eficiência é que irá permear o
processo de como ficará a Caixa depois de concluídas as mudanças feitas na
estrutura do banco.
Diante desses argumentos, a representação dos empregados
protestou contra a tentativa de mercantilização do banco e defendeu a
manutenção da Caixa 100% pública. Como resultado disso, a meta da Caixa é
fomentar uma concepção de um banco mercantil estatal, cujo patrão,
diferentemente dos bancos privados, é o Estado. Essa política, em vez de
priorizar o desenvolvimento social e econômico do país, fica reduzida à
obtenção do lucro.
Time de vendas
Sobre a ferramenta que permite que o empregado visualize sua
produção e que o gestor também visualize a produção da sua equipe, a Caixa
informou que não orienta a exposição de ranking dos trabalhadores. O banco
topou divulgar comunicado e, a respeito da data em que esse procedimento será
adotado, ficou de informar a representação dos empregados na terça-feira da
próxima semana.
A representação dos empregados lembrou que a cláusula 37 da
Convenção Coletiva de Trabalho da categoria bancária impede que as instituições
financeiras publiquem ranking individual de resultados dos trabalhadores. Caso
o empregado seja exposto em ranking, a recomendação é para que seja formalizada
uma denúncia às entidades sindicais. O sigilo do nome do denunciante é
absoluto.
Incentivo à graduação
Até o momento, a quantidade de bolsas para 2018 é
praticamente zero, pois a Caixa ainda não disponibilizou o edital. Foi informado
que a avaliação das áreas de interesse será de acordo com o planejamento
estratégico adotado pelo banco. A previsão é de que a abertura de novas
solicitações ocorra apenas a partir de julho. A julgar pelo que vem ocorrendo,
a Caixa não cumprirá o Acordo Coletivo de Trabalho 2016/2018, em vigor até 31
de agosto.
CPA-20
Em relação ao CPA-20, a principal preocupação das entidades
representativas é com a ameaça de descomissionamento arbitrário de empregados.
O prazo para validação das certificações, encerrado em 18 de maio, com 426
descomissionamentos, o que corresponde a 3% do total de gerentes da Caixa.
"A exigência de CPA-20 para todos os gerentes de carteira é
uma arbitrariedade da gestão. Não é prática dos demais bancos. No nosso
entendimento, isso faz parte do escopo da reestruturação da rede, chamada pela
Caixa de verticalização. É mais uma estratégia, dentre tantas outras, para
viabilizar o descomissionamento em massa. É mais um ataque direto aos
empregados do banco”, critica Dionísio Reis.
A questão do pré-requisito é outro grave erro. O curso de
CPA-20 se destina a certificar profissionais que atuam na prospecção e venda de
produtos de investimento ou na manutenção de carteira de clientes atendidos nos
segmentos Varejo Alta Renda, Private Banking, Corporate e Investidores
Institucionais. Informações: Fenae |