Bancos | 26/07/2017 | 16:07:20
Miguel Rosseto avalia conjuntura e convoca banrisulenses à resistência
Ex-ministro também destaca luta em defesa da democracia
 
 

Os trabalhadores terão que reinventar as formas de resistência para reagir aos ataques dos governos neoliberais. Temos que compreender a nossa força. Eles nos derrotam, mas não nos vencem. "Precisamos recuperar a energia e ir para a rua”, afirmou o ex-ministro Miguel Rossetto, durante painel no 25º Encontro Nacional dos Banrisulenses, na Fetrafi-RS.


"Com a reforma trabalhista, o estado saiu da regulação do mercado de trabalho, expondo os trabalhadores à fragilidade em todos os sentidos. Agora temos que nos indagar sobre qual o tipo de mecanismo será capaz de enfrentar a onda neoliberal. Precisamos de um debate profundo sobre a reorganização sindical e de que forma será possível contrapor os retrocessos consumados hoje”.

Reforma da Previdência

"Hoje temos um parlamentar/empresário e sonegador da Previdência na relatoria do projeto de Reforma. O grande objetivo de tudo isso é fazer um ajuste fiscal forçado, desvinculando o reajuste das aposentadorias do salário mínimo, que foi uma importante conquista dos trabalhadores e dos governos populares”, avaliou Rossetto.

Defesa da democracia

Para o ex-ministro, outra grande luta atual é a defesa da democracia. Segundo ele, o revés político - iniciado com o golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff – está apenas começando. "Todos nós acompanhamos a capacidade dos golpistas de romper com as regras democráticas. Essa turma, que secularmente explorou o trabalho, é incapaz de conviver com a democracia do país. Esse é o sentido do movimento. Precisamos rejeitar esse governo golpista, sem apoio popular. A resposta nas ruas ainda não está à altura porque temos a tarefa de exercer uma liderança política e social, para resistir e continuar lutando pela manutenção de direitos e pela democracia”, enfatizou.

Mudanças no Sistema Financeiro Nacional

Na avaliação de Miguel Rosseto, o sistema financeiro nos moldes de hoje não serve para o país. "A concentração bancária se tornou um impedimento para o crescimento do país. Nós temos um sistema que sustenta uma taxa de juros na faixa dos 6% e consegue manter o poder de acumulação, com uma transferência de renda a partir do poder público. Ou seja, temos um Banco Central totalmente ausente na regulação de tarifas. O sistema perdeu a capacidade de transformar a poupança pública em recursos efetivos para a economia”, analisou.

Para o ex-ministro, é preciso que os bancos públicos sejam mantidos, com foco no crescimento e no desenvolvimento do país. "Hoje o Itaú é o nosso banco central. Não há outro país capitalista no mundo com esse perfil de sistema financeiro.

O Estado do RS e o Banrisul

Segundo Rossetto, os governos de direita destruíram a capacidade de crescimento do Estado. "Tudo piorou na saúde, educação e outras áreas. É preciso encerrar esse projeto que promove um estado desigual, sem desenvolvimento e empobrecido”.

O ex-governador questionou ainda: "no que a venda do Banrisul altera esse quadro? A resposta é simples, altera em nada. Por isso é fundamental manter essa luta que vocês estão fazendo. Não só para manter o banco público, mas para ampliar suas operações. É preciso ter clareza de que cada tempo carrega o desafio e as oportunidades. Vocês ergueram a bandeira em defesa do Banrisul no tempo correto”, finalizou Rossetto.

*Edição e Imagens: Marisane Pereira Mtb/9519 - Comunicação/Fetrafi-RS