A colunista da RBS afirma que o governo do Estado terá que enviar projeto a Assembleia Legislativa se quiser privatizar ou federalizar os dois bancos de fomento. Ela não explicou que há dois caminhos para que isso aconteça. No primeiro, o governo do Estado teria que conseguir três quintos dos votos dos 55 deputados estaduais (33 votos) para alterar o artigo 22 da Constituição Estadual e liberar para a venda ou federalização o Badesul. O segundo caminho é incluir o Badesul num plebiscito no ano que vem para privatizar. A jornalista explica que no caso do BRDE é mais difícil porque a autorização para a venda ou federalização teria que ter anuência dos três Estados do da Região Sul (RS, PR, SC), onde o banco opera.
A jornalista, de forma arrogante e demonstrando desconhecimento, criticou o encontro de contas, chamando de "ideias mirabolantes”. O SindBancários entende que o encontro de contas é a saída para enfrentar a crise financeira do Estado, uma vez que prevê uma negociação entre Estados e União para levantar as dívidas que a União tem com o Estado por conta do não repasse da Lei Kandir e abater do que o Estado deve à União, com base em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN), movida por 15 Estados, incluindo o Rio grande do Sul, no STF. Por conta dessa ADIN, o governo federal tem até novembro deste ano para apresentar um plano de compensações e pagamento de créditos da Lei Kandir aos Estados na Câmara dos Deputados.
O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, disse que o Sindicato irá fazer tudo o que estiver ao alcance para impedir que o Badesul e o BRDE sejam privatizados ou federalizados, o que praticamente é o mesmo. "O Badesul vem sofrendo ataques sistemáticos do governo do Estado. Já houve uma investigação no Ministério Público sobre operações limpas. O Grupo RBS tem investido muito no ataque à imagem do banco que serve para facilitar sua venda, dando uma ideia de que a entidade não funciona. No caso do BRDE, é outro absurdo a venda. Os dois bancos financiam investimentos em prefeituras por todo o Estado. Não precisa vender nem federalizar porque são agentes de fomento que ajudam o Estado a sair da crise”, comentou Gimenis.
O problema é que o Regime de Recuperação Fiscal é um golpe no patrimônio público. Prevê a venda do que o Estado conseguir como condição para receber ajuda federal. A ajuda é ilusória. Isso porque o Estado precisa entregar o que puder de seu patrimônio para ficar apenas três anos sem pagar a dívida a União. Em troca, o estoque de dívida vai crescer muito. Cálculos preveem crescimento da dívida total dos atuais R$ 50 bilhões para até R$ 80 bilhões em 2020.
"Em 1997, quando o Britto era o governador e o atual governador Sartori era o líder da bancada do governo do PMDB na Assembleia, eles disseram que precisavam vender a CRT. Se vendessem a companhia telefônica pública, o problema da dívida estaria resolvida. Mentiram para os gaúchos e gaúchas. De lá para cá, 20 anos depois, o Estado mergulhou numa crise ainda pior. Isso mostra que vender patrimônio público é um erro, porque só vai comprometer o futuro dos gaúchos e gaúchas e empobrecer ainda mais o Estado”, pontuou Gimenis.