Todos os estados brasileiros registraram saldo negativo de
contratações, exceto o Acre, que teve apenas um novo posto de trabalho
criado. São Paulo (- 2.472), Paraná (1.162) e Rio de Janeiro (-911)
foram os estados mais impactados pelos cortes.
Mesmo com lucros elevados no primeiro trimestre, os bancos cortaram
milhares de postos de trabalho. Não existe qualquer justificativa
razoável para tantos cortes. Como concessões públicas, os bancos
deveriam ter responsabilidade social e não colaborar para a já elevada
taxa de desemprego no país. O resultado desse tipo de gestão, que corta
custos atacando a folha salarial, são bancários sobrecarregados,
adoecidos, agências lotadas e clientes insatisfeitos.
Caixa O banco que mais impactou o emprego no setor foi a Caixa, com saldo
negativo de 4.320 postos de trabalho. O elevado número de cortes é
resultado do PDVE (Plano de Demissões Voluntárias Extraordinário),
lançado no início do ano pouco antes da liberação dos saques de contas
inativas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Esse quadro
aumentou significativamente a demanda de trabalho na instituição,
inclusive com ampliação do horário de atendimento e abertura de agências
aos sábados.
A direção da Caixa, sob ordens do governo Temer, promove um verdadeiro
desmonte na instituição, reduzindo seu papel estratégico para o
desenvolvimento e retomada econômica do país. Além disso, reduz
drasticamente o quadro de funcionários. Os empregados, junto com suas
entidades representativas, devem defender a Caixa 100% pública e seu
fortalecimento. Mais empregados para a Caixa é mais Caixa para o Brasil.
Motivação
Do total de cortes nos bancos, 49% ocorreram sem justa causa. A
participação dos desligamentos a pedido foi expressiva, 45% do total,
devido ao PDVE da Caixa.
Rotatividade
Os bancos, além de cortar postos de trabalho, lucram com a chamada
rotatividade. Entre janeiro e abril, os bancários admitidos no setor
foram contratados recebendo em média 59,6% da remuneração dos
trabalhadores desligados.
Desigualdade de gênero
Outro dado que chama atenção no levantamento do Dieese é a desigualdade
de gênero. As 3.393 mulheres admitidas nos quatro primeiros meses de
2017 recebem, em média, R$ 3.478,15. O valor corresponde a 65,1% da
remuneração média dos 3.385 homens contratados no mesmo período.
A diferença de remuneração entre homens e mulheres também se faz
presente entre os bancários desligados. As 7.788 mulheres que deixaram
os bancos recebiam, em média, R$ 6.572,97, ou 79,7% da remuneração média
dos 7.526 homens desligados.
Faixa etária
Os bancários admitidos nos primeiros quatro meses deste ano
concentraram-se na faixa etária até 24 anos, com saldo positivo em 1.958
postos de trabalho. Já os desligamentos concentraram-se,
principalmente, entre bancários de 50 a 64 anos, com o fechamento de
6.132 postos de trabalho.
Isso mostra que, se aprovada a reforma da Previdência, não existirão
mais aposentados bancários. Antes de completar 65 anos, com o mínimo de
25 anos de contribuição, o trabalhador será substituído por outro mais
jovem, com remuneração inferior.
*SEEB Santos |