Antes, o plenário rejeitou dois requerimentos da oposição
pedindo o adiamento da votação projeto. O substitutivo virtualmente demole a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Se
passar no Senado e for sancionado, o acordo coletivo prevalecerá sobre a
legislação. Na prática, o sindicato não será mais necessário ao trabalhador na
rescisão trabalhista e a contribuição sindical obrigatória é extinta. A Justiça
do Trabalho fica enfraquecida.
Apesar de todos os protestos e tentativas de obstruir os
trabalhos, a oposição viu todas as suas investidas serem "tratoradas” pela
maioria do governo. O número de votos obtidos na vitória, porém, não seria
suficiente para a aprovação de uma proposta de emenda constitucional, caso da
reforma da Previdência, que precisa de 308 votos.
Para a CUT, votação incentiva maior adesão à greve geral
Para o presidente nacional da CUT Vagner Freitas, as últimas
manobras da base parlamentar governista, que culminaram na extinção dos
direitos da classe trabalhadora, incentivam ainda mais a Greve Geral desta
sexta-feira (28), que já conta com a adesão de todos os ramos e categorias da
Central Única dos Trabalhadores.
"O que aconteceu hoje, aqui neste Congresso Nacional, deve
potencializar a Greve Geral na luta contra a retirada dos direitos
conquistados. A partir de agora, a CUT intensificará suas ações em todos os
cantos do país e continuará denunciando cada parlamentar que votou pela
extinção do emprego formal no país”.
Segundo Vagner, a orientação é dar continuidade às ações de
denúncia dos deputados e deputadas "que foram favoráveis a esse verdadeiro
massacre” junto às suas bases eleitorais nos municípios de seus estados,
estampando o rosto de cada um deles em locais de visibilidade e nas redes
sociais.
De acordo com o dirigente, o 1º de Maio servirá como data de
partida para massificação das agendas estaduais que irão mostrar à sociedade
quem são e o que cada parlamentar representa para o mercado que financiou o
Golpe de Estado jurídico-parlamentar no Brasil. "As pessoas precisam saber
quais são os interesses que motivaram cada voto”, enfatiza Freitas.
Vagner avalia que o governo de Michel Temer perdeu o rumo e
"é preciso intensificar a mobilização para derrotar a reforma trabalhista no
Senado e a Previdência que ainda será votada na Câmara”.
"Vai colocar lenha e fogo na greve geral”
Pouco antes da votação, a deputada Jandira Feghali (PCdoB)
afirmou que a sessão que aprovou a antirreforma "vai colocar lenha e fogo na
greve geral do dia 28″. A parlamentar lembrou que nomes importantes da MPB,
como Gal Costa e Elymar Santos, cancelaram os seus
shows "em respeito” à greve. Citou ainda o apoio da igreja católica e da CNBB e
da OAB
Durante os debates, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS)
protestou contra a votação açodada de "matéria que altera a vida de milhões de
brasileiros, uma legislação que ao longo das últimas décadas tem regulado as
relações de trabalho”. "Queremos que o povo que vai às ruas dia 28 saiba como
votou cada um”, pediu o líder do PT, Carlos Zarattini, na sequência.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) citou conversações com
entidades e senadores e afirmou que "essa matéria vai ficar engavetada no
Senado Federal”. Segundo ele, "isso já está pactuado”.
Alessandro Molon (Rede-RJ) citou o presidente Michel Temer e
o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que "coagiram” e ameaçaram
trabalhadores que queiram se manifestar na greve de sexta-feira.
A votação acabou sendo nominal depois de suspense e de
inúmeros ataques da oposição, que acusou os governistas de estarem com medo de
ter seu nome vinculado à destruição de direitos. Por fim, o líder do governo,
Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), anunciou um acordo entre líderes da base governista
e da oposição para que a votação do texto-base fosse feita nominalmente.
Veja os deputados gaúchos que votaram a favor da retirada de
direitos: Alceu Moreira - PMDB Cajar Nardes - PR Carlos Gomes - PRB Covatti Filho - PP Danrlei de Deus Hinterholz - PSD Darcísio Perondi - PMDB Jerônimo Goergen - PP Jones Martins- PMDB Luis Carlos Heinze - PP Mauro Pereira - PMDB Onyx Lorenzoni - DEM Renato Molling - PP Ronaldo Bogueira - PTB Yeda Crusius - PSDB Â *CUT com edição Fetrafi-RS Foto: Agência Câmara |