Os representantes dos funcionários reafirmaram ao banco que são
contrários a esse processo de reestruturação por envolver cortes de mais
de 9 mil postos de trabalho e vai provocar redução salarial de milhares
de funcionários, caso estes não forem realocados. Ainda, o fechamento
de mais de 400 agências e a transformação de 379 em posto de
atendimento.
Os representantes dos trabalhadores também cobraram do banco
respostas quanto a extensão do VCP - Verba de Caráter Pessoal – que tem
como objetivo garantir a remuneração daqueles que perderão seus cargos
ou tiveram suas agências extintas. Foi proposto ao banco que seja criado
um VCP permanente, nos moldes da verba 226 do plano de funções.
Para Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa, o VCP
permanente vai de encontro com todas as falas do banco quanto a
realocação das pessoas. "Se o banco tem tanta certeza que vai realocar
todo mundo, que garanta que ninguém vai perder remuneração enquanto não
for realocado”, explicou Wagner.
O banco não deu resposta quanto a extensão do VCP, alegando que o
assunto ainda está sob análise, assim como o VCP para os Caixas efetivos
e substitutos.
Para realocação dos funcionários, foi proposto ao banco que no TAO
Especial criado com esta finalidade, seja adotado o critério de
priorização e maior pontuação para a escolha dos funcionários na
lateralidade. "Considerando que os funcionários já passaram por um
processo de seleção anterior e as nomeações acontecerão na lateralidade,
uma forma de garantir um critério justo é pela melhor pontuação, tanto
para escolha de quem fica nos casos de redução de cargos na própria
dependência, quanto nas recolocações”, analisou Wagner.
Também foi proposta que mesmo depois de entrar em VCP, os
funcionários tenham a pontuação do cargo anterior preservada para as
concorrências na lateralidade para cargos semelhantes.
O Banco do Brasil não forneceu a lista dos cargos e dotações cortadas
em cada prefixo, alegando que o quadro não está fechado. O banco também
não responde claramente o que vai acontecer com aqueles que não
conseguirem realocação.
Ao mesmo tempo que não informa a planilha com os cargos cortados, o
banco responde que a dotação dos postos de atendimento está no sistema.
Esta informação foi bastante criticada pelos sindicatos, remetendo ao
vazamento de informações à imprensa antes de informar aos
representantes dos trabalhadores.
Carlos de Souza, secretário-geral da Contraf-CUT, afirma que é uma
falta de respeito do Banco do Brasil não apresentar os esclarecimentos e
os números exigidos pelos representantes dos trabalhadores. "A
incerteza criada pelo banco, não dando maiores esclarecimentos, só leva a
um desespero maior. Os funcionários estão num processo de destruição
psicológica, ampliando os casos de doenças. É uma tristeza coletiva, o
trabalhador olha para lado e vê um amigo que perdeu parte do salário,
local de trabalho, e pensa quando será a vez dele. Trabalhar neste
cenário é muito ruim", ressalta .Â
Os sindicatos consideram que quanto mais informação o banco fornecer
vai facilitar o trabalho de realocação dos funcionários, evitando as
situações de desespero que tem acontecido em várias regiões do país.
Banco descumpre palavra no caso da fusão de agências
A Comissão de Empresa cobrou do banco o cumprimento do que foi
apresentado no início de 2016 quanto ao fechamento de agências no estado
de São Paulo e Santa Catarina, devido a fusão de uma agência com outra.
Naquela oportunidade o banco informou um cronograma e a forma como
seriam tratados os funcionários, que seriam realocados numa agência já
definida.
Contudo, neste processo de cortes agora apresentado, o banco incluiu
aquelas agências na nova reestruturação, descumprimento o cronograma
apresentado em reunião na DISAP com representantes dos sindicatos.
Situação de desespero dos funcionários é relatada
Os sindicatos relataram ao BB a situação de desespero em muitos
depoimentos de funcionários em todos os cantos do país. Mães e pais de
famílias que perderão seus cargos não veem perspectiva de realocação,
pois a extinção de muitos cargos como os de assistentes, gerentes de
negócios e gerentes de serviço não terão vagas abertas nas mesmas
localidades.
Para Wagner Nascimento, os funcionários deverão continuar a
mobilização em todo o país para que tenhamos resposta efetiva de
proteção às pessoas que perderam seus cargos e funções. "O número de
funcionários que sairão no plano de aposentadoria não está batendo com
os cortes apresentados e os processos são distintos, uma vez que os
cortes já estão dados. Mais uma vez, insistimos para que o banco garanta
a remuneração das pessoas até que sejam realocadas”.
A participação dos funcionários nas atividades de paralisação do
último dia 29 e o Dia de Preto – Black Friday do BB no dia 25 mostrou
que é grande a indignação dos funcionários.
"Temos que dar uma resposta forte ao Banco do Brasil e ao governo
golpista, intensificando as moblizações, como os protestos do último dia
29. Os funcionários deram o recado, uma grande demonstração de unidade.
Mas precisamos ampliar, para que mais companheiros venham somar forças,
para banco perceber que não vai retirar direitos dos trabalhadores, não
vai destruir nossas conquistas, sem lutas e sem resistência", afirma
Carlos de Souza. O diretor do SindBancários e representante gaúcho na Comissão de Empresa, Júlio Vivian, enfatiza que o Banco do Brasil está sendo cruel e irresponsável ao não fornecer os dados exigidos pelo movimento sindical. "Isso gera sofrimento e angústia nas pessoas, portanto é inaceitável. No passado perdemos colegas, vítimas de processos semelhantes e qualquer tragédia que ocorra será culpa do Banco", salienta o dirigente sindical.
Continuação da mobilização em todo o país
Diante das negativas e falta de resposta do BB para as reivindicações
de proteção dos funcionários apresentadas, a Contraf-CUT orienta mais
um Dia Nacional de Luta em todo o país para o próximo dia 7 de dezembro.
Nova reunião agendada
Nova reunião foi agenda entre a Comissão de Empresa da Contraf-CUT e o Banco do Brasil para o dia 8 de dezembro.
Também foi agendada reunião sobre o modelo digital dentro da reestruturação para o próximo dia 14 de dezembro. *Contraf/CUT com edição da Fetrafi-RS |