A atividade aconteceu no Auditório da Casa dos Bancários, em
Porto Alegre, e contou com palestrantes que levaram assuntos sobre o Sistema
Único de Saúde, a atuação do Ministério do Trabalho e Emprego no ambiente de
trabalho, saúde mental e adoecimento, bem como, o debate sobre a não reforma da
Previdência Social.
Para o coordenador do FSST, Alfredo Gonçalves, o movimento
sindical tem que estar cada vez mais unido para enfrentar os embates que a
classe trabalhadora terá que enfrentar, por isso a relevância da realização do
seminário para a discussão e formação de propostas para o tema.
Na mesa de abertura, o presidente da CUT-RS, Claudir
Nespolo, destacou a importância da realização do evento e ressaltou que é
motivo de orgulho ter um setor do movimento sindical que dá muita importância
para este tema. "O FSST faz a reflexão e tenta abrir os caminhos do que tem que
ser consertado nessa área, porque o mundo do trabalho é uma violência
permanente e não tem fim”, comentou.
O 28 de abril é marcado por diversas manifestações, ações e
debates realizados em todo país pelo movimento sindical a fim de colocar em
pauta as problemáticas da saúde do trabalhador e, também, da conjuntura atual
do Brasil.
Segundo Guiomar Vidor, presidente da CTB-RS, a situação
atual dos trabalhadores precisa ser assumida pelas entidades sindicais, isso
porque os acidentes de trabalho, praticamente, matam mais que doenças em todo o
mundo.
A abertura do ato contou, também, com a presença da diretora
da Divisão de Vigilância em Saúde do Trabalhador, Loiva Schardosim, que abordou
o tema das subnotificações dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho,
mas que essas informações são fundamentais para que se conheça a realidade e
para o planejamento das ações.
Na parte da manhã, os painéis foram destinados à mesa que
tratava da atuação do Ministério do Trabalho e Emprego no ambiente de trabalho
com o auditor-fiscal, Luiz Alfredo Scienza, e sobre o SUS: acesso e acolhimento
com o vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde, Cláudio Augustin.
Para Scienza, há pouco a comemorar e muito a se preocupar.
"Meu dia a dia está onde o trabalho está, e tem muita gente se acidentando”
destaca. As pessoas se acidentam de modo tradicional, mas tem uma mudança de
perfil de adoecimento e morbidade, cada vez mais se tornando visível,
destacando a forma como o trabalho está organizado de forma precarizada e
terceirizada.
Abordando o tema do SUS, o presidente do Conselho Estadual
de Saúde, Claudio Augustin, lembrou as questões relevantes e que muitas vezes
são esquecidas no dia a dia das entidades sindicais. Uma das questões
fundamentais desse processo foi entender como está a saúde do trabalhador em
cada atividade laboral. "Nós temos sete conferências e quase todas elas
seguiram essa linha, como estava a saúde do trabalho do seu ramo produtivo.
Todo mundo está adoecendo no seu local de trabalho e todos se enxergavam uns
nos outros. Os ramos começaram a dialogar entre si” explicou.
Mesa de saúde mental
No painel "Quando o trabalho produz o adoecimento”, estavam
a psicóloga da Secretaria Estadual da Saúde, Claudia Magnus, a psicóloga
Inaiara Kersting e a assessora de saúde do trabalho do SindBancários, Jacéia
Netz.
Os temas centrais foram o assédio moral, adoecimento mental
e demais doenças que acometem o trabalhador. Segundo Jacéia, uma pesquisa
realizada pelo SindBancários, das amostras estudadas, 48% dos trabalhadores
usam medicação para ansiedade, 27% usam para dormir, moduladores de humor, uma
série de medicações, 34% mais de uma medicação, 66% com concomitante uso de
antidepressivo e ansiolítico e 40% atribui ao trabalho o uso de medicação.
As psicólogas Cláudia e Inaiara abordaram a relação de
assédio moral, os adoecimentos e sofrimentos mentais causados no ambiente de
trabalho. A explanação das características de cada problema, bem como os
caminhos que o trabalhador deve procurar.
Segundo Claudia, as situações de humilhações, mesmo que não
sejam com a frequência que caracteriza o assédio moral, não deixam de ser uma
graves. São consideradas algum tipo de violência e podem causar dano
psicológico ao trabalhador. Ela destaca a importância de se tratar os
adoecimentos de forma plural, que os trabalhadores se ajudem, que de nada
adianta um colega estar adoecido e os demais ficarem indiferentes, pois isso é
um problema que pode atingir a todos. "Nós devemos apostar nas estratégias
coletivas para lidar com tudo isso. Saúde é um conceito coletivo”, enfatiza
Cláudia.
A questão da banalização foi destacada pela psicóloga
Inaiara, ressaltando o silêncio que muitos trabalhadores acabam fazendo diante
dos seus problemas. "Trazer à tona os problemas é assumir que eles existem,
quando o trabalhador se acidenta no seu setor é fundamental ele demonstrar para
os colegas que aquele local é condenável. O trabalhador precisa assumir que está
vulnerável. Calar-se é uma forma de proteção, mas é preciso denunciar”,
salienta a psicóloga.
Finalizando o dia com uma palestra enriquecedora e
esclarecedora, o professor Denis Maracci, professor e diretor no Instituto de
Economia da Universidade de Campinas (Unicamp-SP), abordou o tema da
Previdência Social. Ele explicou o porquê de não se fazer a reforma neste
órgão.
*FSST-RS
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