29/12/2016 | 09:12:06
A farsa da modernização trabalhista
Presidente da CUT/RS, Claudir Nespolo destaca retirada sumária de direitos
 

Não foi contra a corrupção e o aumento de impostos que os empresários da Fiesp inflaram aquele pato amarelo na Avenida Paulista e em frente ao Congresso Nacional, durante o golpe do impeachment, apoiados pelos batedores de panelas vestidos com a camiseta da CBF.


Os empresários que atropelaram a democracia e financiaram o afastamento da presidenta Dilma possuem outros interesses, cuja fatura já foi devidamente cobrada do presidente ilegítimo Michel Temer. Não existe almoço grátis.

A pretexto de tirar o país da crise, eles buscam alterar a legislação para retirar direitos dos trabalhadores. Direitos, aliás,que nunca foram empecilho para que as empresas crescessem e o Brasil se tornasse uma potência mundial.

Além de patrocinar o golpe, a Fiesp e outras federações empresariais querem tirar proveito da composição mais favorável no Congresso para aprovar projetos que certamente, se apresentados em campanha eleitoral, não renderiam votos. Querem fazer o trabalhador pagar o pato!

O projeto de lei ainda não foi enviado por Temerao Congresso, mas o que foi anunciado às vésperas do Natal, sem qualquer participação da CUT, já é suficiente para revelar que se trata da maior reforma trabalhista na história do país, pois visaflexibilizar a CLT e a Constituição de 1988. Por exemplo, com o negociado sobre o legislado,em plenarecessão, com 12 milhões de desempregados, o governo propõe a precarização do trabalho,o que vai gerar menos renda,menor consumo e produção, comprometendo a retomada do crescimento econômico.

Ao invés de avanço trabalhista, comopropagandeiam golpistas de plantão, existem retrocessos inegáveis.Dizer queé uma proposta de modernização na legislação é uma farsa. É uma reforma feita sob medidapara empresários gananciosos, que desrespeitam leis e querem se livrar de ações trabalhistas. Segurança jurídica écumprir a legislação vigente. Legalizar fraudes é roubar direitos dos trabalhadores.

Temos agoramais uma frente deresistência em defesa dos direitos, ao lado do combate àreforma da Previdência que visa tirar da maioria dos trabalhadores o direito de se aposentar. Estamos diante da voltaaos tempos daescravidão.

O que o Brasil precisa é de redução dos juros, reformas tributária e política, combate à sonegação, revisão das renúncias fiscais, geração de empregoscom trabalho decente, e qualificação dos serviços públicos com valorização dos servidores. O caminho é a retomada da democracia com eleições diretas, já! Nenhum direito a menos!

*Claudir Nespolo, metalúrgico e presidente da CUT-RS