Segundo o secretário-geral da CUT, Sérgio
Nobre, a greve precisa ser "construída", com discussão nas bases e
monitoramento da agenda parlamentar. "O dia 28 (de abril) foi um sucesso porque
fizemos um processo de construção daquela data", afirmou, em reunião
realizada na sede da Nova Central em São Paulo, na região central da
capital paulista. "O primeiro passo são as categorias referendarem o dia
30 nas assembleias"
Durante o encontro, o secretário-geral da
CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, apresentou proposta de
realizar uma greve geral de dois dias, indicando 27 e 28 de junho, com
convocação prévia de plenárias estaduais. A Força Sindical a princípio
mostrou-se reticente quanto à fixação de uma data, mas defendeu a
unidade entre as centrais. "Conseguimos construir, ao longo do tempo,
várias atividades unitárias", disse o secretário-geral da entidade, João
Carlos Gonçalves, o Juruna, citando manifestações de 15 de março, a
greve de 28 de abril e a marcha a Brasília em 24 de maio.
Sindicalistas devem se concentrar em Brasília amanhã (6), quando está prevista a votação do relatório de Ricardo Ferraço
(PSDB-ES) sobre o projeto de reforma trabalhista (PLC 38) na Comissão
de Assuntos Econômicos do Senado. Ele não muda o texto no parecer,
apenas sugere vetos que seriam feitos pelo presidente Michel Temer. A
estratégia de não fazer alterações visa a evitar que o projeto retorne
para a Câmara. O secretário de Relações Internacionais da
Intersindical, Ricardo Saraiva, o Big, destacou ainda a importância de
defender eleições diretas para evitar, justamente, o prosseguimos da
agenda governista na Câmara e o Senado. "Um governo sem popularidade e
sem legitimidade tenta continuar as reformas com o Parlamento, a mídia e
o Judiciário. Para que as reformas continuem, é preciso ter um governo comprometido com o mercado."
No setor de transportes, os metroviários
de São Paulo já têm indicação de participar de uma nova greve, o que
deverá ser ratificado em assembleia. Na reunião desta segunda-feira na
Nova Central, o secretário-geral do Sindicato dos Ferroviários da
Central do Brasil, Leonildo Canabrava, manifestou disposição da
categoria de participar da paralisação. A entidade representa os
funcionários das linhas 11 e 12 da Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM).Â
Na Câmara, o governo
enfrenta dificuldade para conseguir o número de votos necessários para
aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, que muda a
Previdência. Por isso, a Casa ainda discute a data para levar o texto à
votação em plenário.Â
Durante o ato SP pela Diretas Já, ontem (4), no Largo da Batata,
zona oeste paulistana, muitas pessoas exibiram cartazes com dizeres
"Diretas Já, Fora Temer e Greve Geral". Uma delas foi a atriz e poeta
Elisa Lucinda. "Estamos reunidos porque não fugimos da luta. O Brasil
precisa de nós. A civilização que fez esquecer as premissas dos povos
originários, do negro e do índio, deu nisso. Parece que Brasília está de
costas, não nos escuta", disse Elisa, para quem Temer e sua equipe são "uma quadrilha de ladrões brancos" no poder. *RBA |