As elites brasileiras estão acostumadas a resolver crises
políticas em gabinetes. Desta vez, não sairemos do fundo do poço sem uma
repactuação que inclua os trabalhadores.
Convençam-se de uma vez por todas: não construiremos um país moderno com
as portas do Congresso Nacional sitiado por baionetas. Boa parte dos
parlamentares não possui autoridade moral para encaminhar a solução desta
crise. A melhor forma de honrar a Constituição é devolver a soberania ao povo
brasileiro. Por isso, defendemos eleições diretas já.
A repactuação precisa ser sedimentada em torno de algumas
diretrizes. A primeira delas é o aprofundamento da democracia. Nenhuma decisão
de grande importância pode ser tomada sem o povo. Precisamos utilizar os
instrumentos da participação direta, como referendos e plebiscitos. Só assim
recuperaremos o sentido da política.
Devemos cerrar fileiras em torno da retomada do crescimento
econômico com geração de empregos. Os 14 milhões de desempregados não podem
esperar até 2018. A Petrobras é o nosso principal motor do desenvolvimento. Não
podemos aceitar que seja saqueada pelo capital estrangeiro.
É um despropósito enfrentar uma quarta revolução industrial,
intensiva em tecnologia e conhecimento, congelando por 20 anos os investimentos
em educação. A sangria do orçamento federal para pagar juros da dívida pública
precisa ser estancada. As reformas da Previdência e Trabalhista do moribundo
Temer estão na contramão e devem ser abandonadas.
A crise, que se aprofunda a cada dia, não nos imobilizará.
Ao contrário, é uma oportunidade para afirmar a democracia e reacender a
esperança.
Claudir Nespolo
Presidente da CUT-RS |